Autoridades do Brasil e do Peru assinaram nesta semana um acordo que formaliza o compromisso de abertura de mercados para importação e exportação entre os dois países.
A partir de agora, o Peru, que importava maçã apenas do Chile, passa a comprar a fruta também do Brasil, segundo país a acessar o mercado peruano do produto.
Em contrapartida, o Brasil passa a importar frutas cítricas do Peru, que hoje exporta grande parte de sua produção para os Estados Unidos.
Segundo dados da Logcomex, no ano de 2023, o Brasil exportou 35,8 mil toneladas de maçã (NCM 0808.10.00), das quais 24,4 mil toneladas (68,3%) saíram do Rio Grande do Sul, um dos principais produtores da fruta junto com Santa Catarina.
Em 2024, considerando os nove primeiros meses do ano, houve uma queda de 72% no volume exportado de maçã pelo Brasil em relação ao mesmo período de 2023, em razão de uma quebra na safra em consequência das fortes chuvas que atingiram o território gaúcho desde o fim do ano passado.
O principal destino das maçãs brasileiras no mercado estrangeiro é a Índia, que importou 42% das exportações do Brasil entre janeiro e setembro de 2024. Outros importantes mercados da fruta produzida em terras brasileiras são Portugal (16%), Irlanda (12%) e Reino Unido (12%).
Apesar de o acordo ter sido formalizado nesta semana, os primeiros carregamentos de frutas cítricas peruanas chegaram ao Brasil em setembro, ainda de acordo com a Logcomex. Foram 22,9 toneladas de mandarinas (0805.21.00), que entraram por via rodoviária pela inspetoria da Receita Federal de São Borja (RS) com destino ao estado de São Paulo.
Nos nove primeiros meses do ano, as importações brasileiras de frutas cítricas (SH4 0805) somaram US$ 54,9 milhões (FOB), alta de 78,2% em relação ao mesmo intervalo de 2023. As cargas vieram principalmente de Egito (44%), Espanha (23%), Argentina (16%) e Uruguai (16%).
A fruta cítrica mais importada pelo Brasil no período foi a laranja, que somou US$ 29,8 milhões em valor FOB e 40,7 mil toneladas.
De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no mês de outubro o Brasil somou 34 aberturas de mercado em 12 países. Desde o início de 2023, foram 270 novas oportunidades em 61 diferentes destinos.
No mesmo encontro em que foi celebrado o acordo, o ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e o embaixador peruano no Brasil, Rómulo Acurio, falaram sobre o projeto do Porto Chancay, que está sendo construído pelo governo chinês no Peru e que deve gerar oportunidades de escoamento da produção brasileira para o país asiático.
Hoje o Brasil tem um grande volume de exportação para a Ásia feita pelo Atlântico. Com o redirecionamento das embarcações pelo Porto Chancay, o país ganharia em agilidade e menores custos para as remessas de produtos para a China, tanto em exportações quanto em importações.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Nos nove primeiros meses de 2024, o país asiático foi destino de 40% de todas as exportações brasileiras e fornecedor de 30% das importações, segundo dados da Logcomex.