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Brasil faz maior importação de soja em duas décadas: entenda

Written by Logcomex | 24.9.2024

O Brasil, reconhecido mundialmente como o maior exportador de soja, está prestes a enfrentar um cenário curioso: a maior importação de soja em mais de duas décadas. 

Em um movimento que pode parecer contraditório, o país, que exporta milhões de toneladas da commodity anualmente, precisa agora trazer o grão de fora para atender à sua demanda interna.

Exportações em alta, mas internamente pressionadas

Dados de 2024 mostram um aumento significativo nas exportações de soja triturada (NCM 12019000), com um crescimento de 549% no valor FOB e 707% no volume exportado​. 

O óleo de soja bruto (NCM 15071000), outra peça importante da balança comercial, registrou um aumento de 474% nas exportações em valor e 638% em volume, indicando uma forte demanda externa​.

Mas, apesar dos recordes de exportação, o mercado interno brasileiro enfrenta uma situação complicada. A alta demanda por soja dentro do Brasil, somada a desafios climáticos, acabou resultando em uma produção menor do que o esperado, o que explica a necessidade de importação para equilibrar a oferta interna.

Segundo os dados mais recentes, da Logcomex, o Paraguai se consolidou como o principal fornecedor de soja para o Brasil em 2024, sendo responsável por 99% das importações nos primeiros meses do ano. O país vizinho exportou mais de $337 milhões em soja para o mercado brasileiro.

Quanto à distribuição interna da soja importada, o estado do Paraná (PR) lidera com folga, sendo responsável por 85% das importações. O Rio Grande do Sul (RS), outro grande produtor e consumidor de soja, ficou com 13% das compras, enquanto São Paulo (SP) respondeu por 1%​.

Por que o Brasil está importando soja?

Existem algumas razões principais para essa situação incomum de importação de soja:

  1. Problemas climáticos: o clima adverso afetou negativamente a produção de soja no Brasil. As secas e as condições instáveis nas principais regiões produtoras contribuíram para uma safra abaixo do esperado, criando um desequilíbrio entre oferta e demanda interna.
  2. Demanda interna crescente: mesmo com uma safra recorde em exportações, o Brasil tem enfrentado uma crescente demanda interna por soja, especialmente no setor de processamento de alimentos e para a produção de biodiesel, o que pressiona ainda mais a oferta interna.
  3. Custo competitivo do Paraguai: o Paraguai tem uma posição estratégica para o Brasil, fornecendo soja a preços competitivos, o que facilita a importação para atender às necessidades do mercado local, sem afetar significativamente a margem de lucro das empresas brasileiras.