A montadora chinesa BYD está pedindo a seus fornecedores que reduzam seus preços em 10%, como forma de se preparar para um aumento de tarifas sobre seus veículos em mercados como o dos Estados Unidos e da União Europeia.
A montadora teria disparado e-mails a diferentes fornecedores pedindo que enviem suas cotações até 15 de dezembro e que ocorra um desconto nos preços a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
“Em 2025, o mercado de veículos elétricos... entrará em uma grande batalha final e em um torneio eliminatório”, teria escrito He Zhiqi, vice-presidente executivo da companhia. “Para aumentar a competitividade dos carros da BYD... você e sua equipe devem levar isso a sério e explorar efetivamente o espaço para redução de custos”, prossegue o texto.
Embora não tenha se referido ao e-mail vazado, na quarta-feira (27), o gerente geral de Branding e Relações Públicas da BYD, Li Yunfei, escreveu em sua conta no Weibo que a montadora estabelece metas de redução de preços para os fornecedores ao fazer compras em grande escala, mas que essas metas são negociáveis, e não obrigatórias.
A montadora tem promovido vários descontos nos preços de seus veículos desde que teve início uma disputa comercial com a Tesla, no ano passado. A postura agressiva ajudou a chinesa a superar a concorrente norte-americana como a maior vendedora de veículos elétricos do mundo, embora a maioria dos carros da BYD ainda seja vendida na China.
No Brasil, dados da Logcomex mostram que as importações de veículos elétricos dispararam em 2024, impulsionados pelos modelos chineses. Entre janeiro e outubro foram importados cerca de 77 mil carros elétricos puros (NCM 8703.80.00), uma alta de 433% em comparação com o mesmo período de 2023, quando entraram no Brasil 14,4 mil unidades.
Do total de US$ 1,5 bilhão (FOB) em veículos 100% elétricos estrangeiros que entraram no Brasil no período, US$ 1,3 bilhão refere-se a unidades chinesas (87%).
No fim de outubro, ao anunciar tarifas de importação de até 45,3% sobre carros elétricos chineses, a União Europeia defendeu a medida como uma resposta necessária ao que considera subsídios injustos concedidos aos fabricantes chineses.
Conforme uma investigação do órgão, as medidas incluiriam financiamento preferencial, subsídios e acesso a terrenos, baterias e matérias-primas a preços abaixo do mercado.
À época, a China classificou as novas tarifas da UE como protecionistas e prejudiciais às relações bilaterais e às cadeias de suprimentos. No mercado já havia incerteza em relação ao impacto das tarifas nos preços ao consumidor final, uma vez que fabricantes chinesas teriam condições de absorver os novos custos.