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Canal do Panamá recupera movimentação marítima após seca histórica

Written by Redação Logcomex | 18.11.2024

Após dois anos de condições recordes de seca, que derrubaram o trânsito de embarcações, o Canal do Panamá enfim recupera gradualmente a média de circulação de navios. Embora as águas não tenham retornado aos níveis anteriores, um novo sistema de reservas de longo prazo foi construído para otimizar o uso do volume disponível e prever novas secas.

O canal, com 77,1 quilômetros de extensão, liga os oceanos Atlântico e Pacífico através do mar do Caribe. Há bloqueios e eclusas em cada extremidade da travessia para levantar os navios até o lago artificial Gatún, localizado 26 metros acima do nível do mar.

Com a falta de chuvas a partir do final de 2022, a Autoridade do Canal reduziu a passagem diária de embarcações de 38 para 22, gerando longas filas de navios à espera para passar pelo canal.

Segundo a Autoridade do Canal do Panamá, no último ano fiscal, que vai de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024, a circulação de embarcações diminuiu 20% (de 14.080 navios para 11.240), e a quantidade de carga, 17% (de 511 milhões de toneladas para 423 milhões), na comparação com o exercício anterior.

Novas eclusas, chamadas de Neo-Panamax, têm um sistema que permite a recuperação de 60% da água usada no trânsito de uma embarcação, o que não ocorria nas eclusas Panamax. A travessia de uma embarcação utiliza cerca de 190 milhões de litros de água doce.

Com isso, o canal gradualmente voltou a ter entre 30 e 33 travessias por dia, e a previsão da Autoridade do Canal do Panamá é chegar a 36 em janeiro.

O novo sistema permite ainda que embarcações maiores atravessem o canal, garantindo o transporte de mais contêineres em menos tempo, reduzindo, assim, as filas, além de economizar água.

No fim de agosto, o navio MSC Marie, com 366 metros de comprimento e 51 de largura e capacidade de até 17.640 contêineres, bateu o recorde de maior embarcação a cruzar o Canal do Panamá em seus 110 anos de operação.

Seca no Panamá mudou rotas do comércio exterior brasileiro

No caso do Brasil, a seca na região da travessia afetou mais diretamente rotas com destino em portos do Norte e Nordeste. O Porto de Santos (SP) se beneficiou do fato de algumas empresas substituírem a rota, partindo dos oceanos Pacífico e Índico, através do Canal do Panamá pela rota do Cabo da Boa Esperança, desembarcando por lá cargas destinadas ao Norte e Nordeste.

Segundo dados da Logcomex, nos dez primeiros meses de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior, as importações pelo Porto de Santos cresceram 15,1% em peso líquido e 7% no valor total.

A interrupção parcial no trânsito de embarcações norte-americanas com produtos destinados à Ásia também abriu oportunidade para o Brasil assumir parte desse mercado.

Conforme dados da Logcomex, entre janeiro e outubro de 2024, o volume de exportações brasileiras para a China foi de 356,8 milhões de toneladas, 5,7% a mais do que no mesmo período de 2023.