A China proibiu desde terça-feira (3) exportações para os Estados Unidos de minerais estratégicos como gálio, germânio e antimônio, elevando as tensões comerciais entre os países. Um dia antes, o governo americano restringiu exportações de componentes para 140 empresas de semicondutores chinesas.
A decisão é mais uma de uma sequência de restrições que o país asiático tem imposto para controlar o comércio internacional de minerais importantes para cadeias de suprimentos do setor tecnológico.
O Ministério do Comércio Chinês justificou a medida citando preocupações com a segurança nacional.
Gálio e germânio são usados em semicondutores, embora o segundo também seja utilizado em tecnologia infravemelha, cabos de fibra óptica e células fotovoltaicas. Já o antimônio é empregado na fabricação de munições e armamentos, enquanto o grafite é o maior componente em volume de baterias de veículos elétricos.
Um porta-voz da Casa Branca disse que os Estados Unidos estavam avaliando as novas restrições, mas tomarão “as medidas necessárias” em resposta, sem dar mais detalhes.
Um relatório do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estima que o bloqueio chinês pode gerar um impacto econômico de até US$ 3,4 bilhões nos Estados Unidos.
A medida anunciada pela China limita-se aos Estados Unidos, sem restrição direta a outros países. No caso do Brasil, não deve haver efeito direto da limitação.
Segundo dados da Logcomex, as importações brasileiras de antimônio (SH4 8110), por exemplo, somaram US$ 6,8 milhões (FOB) nos dez primeiros meses de 2024, mas 41% do total corresponde a importações da Bolívia.
Outros fornecedores importantes do mineral ao Brasil nesse período foram o Tadjiquistão (28%) e a Índia (12%).
De forma indireta, no entanto, a decisão pode afetar outros países, inclusive o Brasil, com o aumento do custo de produtos eletrônicos importados tanto da indústria americana quanto da chinesa, impactando consumidores e empresas locais.
Por outro lado, a guerra comercial entre as duas potências econômicas pode favorecer as exportações brasileiras para os Estados Unidos em um momento em que os americanos levantam maiores barreiras tarifárias contra produtos chineses.