Logcomex Blog

Entidades pedem que governo do Paraná impeça importação de tilápia

Written by Redação Logcomex | 10.2.2025

Representantes da agropecuária e da indústria paranaense encaminharam na semana passada um ofício ao governo estadual solicitando intervenção do estado para impedir as importações de tilápia

Atualmente o Brasil não compra o pescado do exterior, mas o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mantém aberta desde o dia 10 de dezembro do ano passado uma consulta pública sobre a possibilidade de importar o produto.

O Paraná é o maior produtor de tilápia no Brasil, responsável por 40% da produção nacional, e o setor pesqueiro teme perder competitividade diante da concorrência estrangeira. Além disso, conforme o documento, a entrada do produto no mercado interno representaria risco sanitário e econômico para os produtores locais.

O pedido foi assinado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

No ano passado, segundo dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex, as exportações brasileiras de tilápia  Brasil somaram US$ 52,4 milhões (FOB), alta de 157,3% em relação a 2023, e um peso líquido total de 10,6 mil toneladas (+112,2%). 

O Paraná respondeu por 70% do volume exportado (7,5 mil toneladas) e  65,8% do valor total (US$ 34,5 milhões). A maior parte das vendas externas paranaenses foi de tilápias congeladas (NCM 0303.23.00), que totalizaram 4,6 mil toneladas. Filés de tilápias (NCM 0304.31.00) somaram 2,9 mil toneladas, enquanto tilápias frescas ou refrigeradas (NCM 0302.71.00), 24,8 toneladas.

Os Estados Unidos são o principal destino das tilápias brasileiras. Em 2024, o mercado americano recebeu 98% do pescado brasileiro destinado à exportação.

No ofício entregue ao governo paranaense, as instituições destacam que a importação, especialmente de países como o Vietnã, pode comprometer a sanidade da piscicultura estadual. 

Apesar da baixa probabilidade de disseminação do Tilapia Lake Virus (TiLV), especialistas alertam que um eventual surto poderia causar alta mortalidade entre os peixes e prejuízos severos ao setor - o Brasil não dispõe de um plano de contingência específico para o TiLV.

No aspecto econômico, destacam que a entrada de filés de tilápia importados a preços mais baixos pode desestabilizar a cadeia produtiva estadual.

Segundo os signatários, uma análise de risco feita pelo Mapa sobre a eventual importação de tilápia focou em aspectos técnicos da importação, sem considerar os impactos econômicos. 

O custo de produção no Paraná é mais elevado em comparação ao principal dos países exportadores, o que tornaria a concorrência desigual, argumentam. O ofício menciona ainda casos anteriores, como a importação de lácteos, que causaram impactos negativos ao mercado interno.