O comércio entre a Ásia e a América Latina está ganhando força, impulsionado pelo crescimento da manufatura asiática na região e pela ampliação da capacidade marítima. A Ocean Network Express (ONE) e a Evergreen Line aumentaram significativamente o volume de carga na rota, dobrando a oferta de espaço nos últimos três anos. Mas o que isso significa para o Brasil?
Os números mostram que o Brasil segue fortemente dependente das importações asiáticas. Segundo dados da Logcomex, em 2024, 70% das importações do país vieram da China, totalizando US$ 63,6 bilhões, um aumento em relação a 2023. Outros parceiros asiáticos como Índia (7%), Japão (6%) e Coreia do Sul (6%) também tiveram participação relevante, reforçando a influência da região no abastecimento da indústria brasileira.
Entre os itens mais comprados pelo Brasil, destacam-se células fotovoltaicas (US$ 2,6 bilhões), peças para smartphones (US$ 1,96 bilhão) e processadores eletrônicos (US$ 1,6 bilhão). Também houve um crescimento de 225% na importação de veículos híbridos e 199% nos elétricos.
O transporte marítimo segue como o principal modal, representando 84,17% das importações em 2024, enquanto o aéreo registrou 15,59%. Por outro lado, as quedas em algumas categorias, como a redução de 32% na importação de painéis solares e 68% no diesel, podem indicar ajustes no mercado, seja por variação de demanda interna, incentivos à produção local ou reconfiguração das cadeias globais de suprimentos.
Com tarifas de frete entre Ásia e América do Sul caindo 32% nos últimos seis meses, o cenário fica ainda mais dinâmico. A maior oferta de espaço nos navios pode reduzir custos para importadores brasileiros, mas também favorece concorrentes regionais, como México e Peru, que estão atraindo mais investimentos asiáticos.