As relações comerciais entre África e Brasil se intensificaram no início do século XXI e passaram a ser mais expressivas a partir de 2011, logo após a entrada da África do Sul nos BRICS, grupo econômico que conta, além de Brasil e África do Sul, com Rússia, China e Índia. Além desse histórico de parceria diplomática entre o Brasil e alguns países do continente, há outro detalhe importante: a proximidade com o nosso continente. Por isso, viagens para a África são mais rápidas, curtas e baratas se comparadas a outras localidades ao redor do globo. A parceria comercial, digamos assim, começou há muitos anos e dura até hoje, cada vez mais fortalecida pelos elos e comercialização entre os dois países. No artigo abaixo, vamos explicar mais sobre esse mercado, principalmente nas exportações e importações.
Portanto, continuem acompanhando com a gente! Boa leitura!
O dia 25 de maio é mais que uma data! Neste dia celebra-se o ‘Dia da África’! Há exatamente 51 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia da libertação do continente africano.
Essa marca no calendário foi estrategicamente escolhida por ser também o mesmo dia em que ocorreu um encontro com 32 chefes de Estados africanos em 1963 e foi, então que se criou a Organização da Unidade Africana, atual União Africana.
Na época, a ideia desse encontro foi discutir e combater a submissão, a colonização e o neocolonialismo. Uma data que se transformou em um marco de reflexão que deixa de ser apenas referente a geografia, mas contempla a história de um povo e suas questões raciais.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) projetou que, após crescimento de 3,5% em 2022, o volume de comércio deve aumentar apenas 1% em 2023. A divulgação da projeção foi feita ano passado. Portanto, é esperado que o comércio global desacelere.
Entretanto, existe a possibilidade de que a África vá na contramão dessa projeção. Entenda o por que:
Esses bons frutos comerciais podem ser colhidos devido a um acordo de livre comércio que entrou em vigência em 2021. A Zona de Comércio Livre Continental Africana é a maior nova área de livre comércio do mundo desde o estabelecimento da OMC.
Entre os objetivos da Zona de Comércio Livre Continental Africana está criar um mercado único e liberalizado que possa aprofundar a integração econômica. Além de desenvolver a infraestrutura regional e permitir o livre trânsito de pessoas e também capitais para melhor acesso a investimentos.
O estabelecimento de uma união aduaneira continental é outro ponto importante, já que o foco é aumentar o desenvolvimento socioeconômico, reduzir a pobreza e tornar o mercado da África mais competitivo.
Para alcançar a meta, os países membros se comprometem a eliminar, progressivamente, as tarifas de 90% dos bens, serviços e produtos negociados na África pelos próximos cinco anos seguidos após o acordo entrar em vigência.
Essa área é importante pois cria um mercado de 1,4 bilhão de pessoas e ainda continua aumentando. Atualmente, 44 ,dos 54 países, foram ratificados.
Repercutindo ainda mais números, esse acordo comercial vai poder impulsionar os rendimentos regionais em até 9%, chegando em U$S 571 milhões.
Até 2035, o resultado do emprego e dos rendimentos poderia ajudar que até 50 milhões de pessoas saiam da extrema pobreza.
A chefe da OMC, Okonjo-Iweala, disse recentemente em uma entrevista à CNN que a participação da África no comércio global é de apenas 3%, o que, segundo ela, é muito pouco. Ela explicou que o objetivo é dobrar ou triplicar esse número.
A chefe comentou ainda que, para conseguir isso, a África precisa melhorar a infraestrutura, estar mais digitalizada e superar entraves burocráticos. Além de reduzir custos comerciais.
Okonjo-Iweala ainda comentou que um dos desafios é identificar setores e conseguir entrar em cadeias de valores regionais e globais.
Uma desses possíveis segmentos promissores é, de acordo com ela, o farmacêutico. A autoridade diz que entende esse setor como interessante e que é possível desconcentrar a fabricação de vacinas, terapêuticos e diagnósticos.
Ela apontou ainda que, durante a pandemia, viram que a África precisa obter a própria capacidade de fabricação e isso está ligado ao que pode ser feito através da área de livre comércio continental funcionar.
Ao contrário do que muitos ainda pensam, a África é uma área muito relevante para a instalação de multinacionais.
A expectativa, segundo a consultoria McKinsey, é de que se crie um mercado consumidor de quase U$S 5,5 trilhões em 2030.
Justamente devido a esse cenário e perspectiva, grandes nomes, como Coca-Cola e DHL, têm investimentos nos principais mercados africanos.
A região africana, nos últimos 20 anos, foi a segunda com maior crescimento econômico, perdendo apenas para o leste asiático. Além de possuir um PIB somado de U$S 2,5 trilhões e 60% das áreas cultiváveis do planeta.
Por isso, ao ignorar a África, as empresas brasileiras deixam de investir e explorar um território fértil e que pode ainda ser muito promissor para os negócios.
Para se ter uma ideia, desde 2000, o Brasil investiu na África aproximadamente, U$S 15 bilhões. Quantia que representa apenas um décimo dos U$S 150 bilhões investidos pela China no mesmo período. Ou seja, enquanto empresas brasileiras deixam de investir, concorrentes de outros países vão ganhando território.
Portanto, ainda há muito o que explorar! A MB Associados divulgou um estudo indicando que as exportações brasileiras para a África possuem potencial de aumento de até 50% em 2025, chegando aos U$S 12 bilhões com aproveitamento do potencial da indústria brasileira.
Outro investimento necessário está em negociação, uma vez que a ‘fama’ da África possuir um ambiente hostil aos negócios deve ser revista.
Principalmente quando levamos em consideração o ambiente brasileiro, onde empresas precisam encarar diversas burocracias, sistema tributário e infraestrutura defasada.
Outro indicativo que o Brasil possa ser até mais difícil que a África para negócios está em dados do ranking Doing Business 2019, onde dez países africanos estão melhor posicionados. O país verde e amarelo ficou na 109 posição, atrás de Quênia, Botsuana e Ruanda, por exemplo.
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Para amenizar esse cenário e tentar melhorar a realidade, em março de 2023 a Associação Comercial de São Paulo recebeu uma delegação composta por representantes de vários segmentos comerciais de Gana.
O objetivo foi promover e ampliar os negócios entre o Brasil e países da África Ocidental. Foi a terceira etapa de um processo que começou há dois anos com o foco em atrair experiências e mostrar para o brasileiro que há oportunidades interessantes e viáveis naquela região.
No ano de 2013, o volume de negócios bilaterais atingiu recordes. A cifra chegou a U$S 28,533 bilhões, com exportações brasileiras no valor de U$S 11,087 bilhões de vendas africanas somando U$S 17,446 bilhões.
Segundo levantamento da Logcomex, no período 2022, o Brasil exportou 12,758 bilhões para a África. Representando uma participação de 3,82% das exportações totais brasileiras e 3,13% das importações.
Enquanto que no primeiro trimestre de 2023, as exportações representaram US$ 3.206,4 (4,21% de participação nas exportações totais) e as importações, US$ 2.221,6 (3,68% das importações totais).
Dentro desse total exportado em 2022, destaque para três principais produtos que, historicamente, se mantêm no ranking.
Açúcares e melaços, somando 28% das importações. Seguido pelo milho não moído, exceto milho doce, com 12% e óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos com 7,8%.
Cenário que muda alguns detalhes quando olhamos para o balanço de janeiro a março de 2023. Açúcares e melaços continuam na primeira posição com 31%. Enquanto carnes de aves e suas miudezas comestíveis sobe para o segundo lugar, 8,3%. Na sequência, 7,7% do milho não moído.
Em 2022, Na lista dos principais países exportadores, a plataforma da Logcomex apontou com 22% o Egito. Seguido pelo segundo lugar, Argélia com 15% e, fechando o top3, temos a África do Sul com 14%.
Enquanto do primeiro ao terceiro mês deste ano, vemos mudanças: Argélia subiu para primeiro lugar com 19%. Seguido do Egito, com 17% e África do Sul se mantém em terceiro, 15%.
Como já mencionado na tabela acima (onde falamos das exportações), em 2022, foram importações somaram U$S 8,522 milhões.
E números que não param… De janeiro até o mês de março de 2023, conforme dados da Logcomex, as importações somam U$S 2.221,6 milhões.
O ano de 2022 fechou da seguinte maneira em relação às importações: 40% de adubos ou fertilizantes químicos. Logo atrás, com 32%, óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos, prata, platina e outros metais do grupo da platina.
Enquanto que de janeiro até março, a plataforma apontou que o ranking se inverteu, composto da seguinte maneira: em primeiro lugar óleo bruto de petróleo ou de minerais betuminosos, 53%. Seguido de adubos ou fertilizantes químicos, 24%.
Ano passado, de acordo com nossa pesquisa pelas ferramentas da Logcomex, a Nigéria foi o país que mais importou, somando 25% do todo. Na sequência, Marrocos, 24%, e Argélia, 14%.
Já no período deste ano, a Argélia lidera o ranking com 32%. Marrocos segue na segunda colocação com 15% e, em terceiro lugar, Angola e seus 12%.