O Brasil exportou em outubro de 2024 o maior volume mensal de café da história, com 4,9 milhões de sacas remetidas ao exterior, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
De acordo com dados da Logcomex, o valor total (FOB) das exportações do grão (SH4 0901) chegou a US$ 1,3 bilhão no mês, levando o montante acumulado nos dez primeiros meses do ano a US$ 8,9 bilhões, alta de 54,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Trata-se do maior valor exportado de café para o intervalo de toda a série histórica.
Cerca de 68% do faturamento com as vendas do setor para outros países correspondem a cargas provenientes do estado de Minas Gerais, que saem, em sua maior parte (69%) pelo Porto de Santos (SP).
Já os principais destinos internacionais do café brasileiro no acumulado de janeiro a outubro foram Alemanha (20%), Estados Unidos (18%), Bélgica (12%) e Itália (10%).
O Cecafé considera, no entanto, que os números poderiam ser melhores caso houvesse infraestrutura adequada para cargas conteinerizadas nos portos brasileiros.
Levantamento feito pela entidade com exportadores associados apontou que atrasos e alterações constantes nas escalas dos navios, além de rolagens de cargas, fizeram com que cerca de 1,7 milhão de sacas, o equivalente a 5,2 mil contêineres, ficassem paradas nos portos até outubro.
Considerando um preço médio (FOB) de exportação de US$ 285,21 por saca de café verde e uma cotação média de R$ 5,6235 para o dólar no mês de outubro, o não embarque dessas cargas significa que o país deixou de receber, nos dez primeiros meses do ano, US$ 489,7 milhões.
Além disso, gastos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates teriam custado mais R$ 6,9 milhões aos exportadores de café no acumulado do ano.
Conforme levantamento feito pela Cecafé em parceria com a startup Ellox Digital, o Porto de Santos, principal terminal escoador do produto para o exterior, registrou um índice de 74% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 125 do total de 169 embarcações.
Para Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, esses gargalos e prejuízos demonstram que os portos brasileiros não evoluíram de maneira satisfatória e proporcional ao crescimento do agronegócio nacional.