Um dos fenômenos naturais mais poderosos que se formaram no Atlântico Norte nos últimos anos, o furacão Milton já impacta a cadeia de suprimentos norte-americana à medida que se aproxima da costa da Flórida, na Costa Leste dos Estados Unidos.
Na segunda-feira (7), pelo menos uma plataforma de petróleo e gás foi fechada no Golfo do México, enquanto os portos da Flórida impuseram restrições à navegação de embarcações como forma de evitar desastres em razão da aproximação do furacão.
Conforme as previsões meteorológicas, a maior parte da infraestrutura de energia da região, incluindo instalações de produção de petróleo e gás, usinas de gás natural liquefeito (GNL) e refinarias, deve ficar fora do caminho da tempestade, mas o fechamento de terminais pode interromper temporariamente as exportações e importações do estado.
O estado da Flórida conta com 16 portos marítimos, entre os quais os de Jacksonville, Everglades, Miami e Tampa, alguns dos mais importantes dos Estados Unidos para movimentação de carga e que incluem rotas de importação e exportação diretas para o Brasil.
De acordo com o governo norte-americano, a Flórida foi o sexto estado norte-americano que mais exportou mercadorias em 2023.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Conforme dados da Logcomex, nos primeiros nove meses de 2024, a corrente comercial entre os dois países passa de US$ 60,1 bilhões, o equivalente a 13,3% de todo o fluxo do comércio exterior brasileiro no período.
Dos 251 mil TEUs exportados pelos Estados Unidos para o Brasil entre janeiro e setembro de 2024, 26 mil (10,4%) foram embarcados nos portos de Jacksonville, Everglades, Miami e Tampa. Desses, 77% tiveram como destino o Porto de Santos.
As principais classes de produtos movimentadas por esses quatro portos da Flórida para o Brasil nos nove primeiros meses de 2024 foram:
Os efeitos do evento climático devem ser sentidos pelos operadores do comércio exterior brasileiro também no preço dos fretes, que já vem em escala crescente desde o fim do ano passado.
Os carregamentos do Brasil com destino aos Estados Unidos, que tinham cotação média de US$ 2,3 mil por contêiner de 20 pés, já chegam a US$ 7,8 mil para envios agendados para novembro.
Os impactos se tornam mais significativos considerando que há apenas duas semanas cadeias de suprimentos já foram fortemente impactadas por danos causados por outro furacão, o Helene, que causou 235 mortes em seis estados, chegando a ser comparado ao Katrina, que devastou o estado de Nova Orleans em 2005.
De acordo com a AccuWeather, para além das centenas de mortos, o Helene causou impactos econômicos que chegam a US$ 250 bilhões.
Caso o furacão Milton provoque danos relevantes nos portos da Flórida, os impactos sobre importações e exportações podem se prolongar, atrasando remessas de materiais e bens de consumo voltados ao mercado interno norte-americano.
Uma das maiores preocupações locais são os suprimentos de saúde para hospitais, que normalmente não dispõem de muito estoque.