Greve na Argentina paralisa portos e aeroportos, atrasando remessas ao Brasil

Uma greve geral de 24 horas realizada por movimentos sociais na Argentina na quarta-feira (30) afetou uma série de serviços de transportes de cargas e passageiros, como portos marítimos e aeroportos, além de ônibus, metrô, trem e táxis. Houve registros de cancelamentos e reagendamentos de remessas por navios e aeronaves.

A paralisação foi feita em protesto contra as medidas de austeridade fiscal promovidas pelo atual governo. A extinção da Agência Federal de Ingressos Públicos da Argentina (Afip), órgão equivalente à Receita Federal brasileira, e sua substituição pela Agência de Arrecadação e Controle Aduaneiro (Arca), anunciada na semana passada, é uma das ações oficiais questionadas pelos manifestantes.

Com a adesão dos 12 sindicatos filiados à Federação da Indústria Marítima Portuária e Naval (Fempinra), terminais portuários de Buenos Aires, La Plata, Bahía Blanca e Rosario tiveram as atividades paralisadas, afetando diretamente o comércio exterior do país, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas de China e Estados Unidos.

Segundo dados da Logcomex, entre janeiro e setembro deste ano a corrente de comércio entre os dois vizinhos sul-americanos foi de US$ 19,4 bilhões (FOB). Ao todo, foram exportados US$ 9,7 bilhões (FOB) em cargas brasileiras para a Argentina, enquanto o Brasil comprou US$ 9,7 bilhões (FOB) do país fronteiriço.

O Porto de Buenos Aires é o maior escoador das exportações argentinas para o Brasil, que chegam principalmente pelo porto de Navegantes (SC), ainda de acordo com dados da Logcomex.

Nos nove primeiros meses de 2024, 29,4% das exportações argentinas para o Brasil foram feitas por meio da rota Buenos Aires/Navegantes, enquanto outras 10,7% por Buenos Aires/Santos. Outros importantes itinerários são Buenos Aires/Suape (8,5%) e La Plata/Navegantes (5,8%).

Os principais produtos importados da Argentina pelo Brasil no acumulado de janeiro a setembro de 2024 foram:

• Outros veículos automóveis com motor diesel, para carga <= 5 toneladas (NCM 8704.21.90) - US$ 2,1 bi (FOB);
• Outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura (NCM 1001.99.00) - US$ 818,9 mi (FOB);
• Automóveis com motor explosão, de cilindrada superior a 1.000 cm3, mas não superior a 1.500 cm3, com capacidade de transporte de pessoas sentadas inferior ou igual a seis, incluindo o motorista (NCM 8703.22.10) - US$ 673,5 mi (FOB);
• Óleos brutos de petróleo (NCM 2709.00.10) - US$ 482,0 mi (FOB);
• Automóveis com motor explosão, de cilindrada não superior a 1.000 cm3 (NCM 8703.21.00) - US$ 406,6 mi (FOB).

Já os produtos que o Brasil mais exportou para a Argentina no mesmo período foram:

• Automóveis com motor explosão, 1500 < cm3 <= 3000, até 6 passageiros (NCM 8703.23.10) - US$ 552,5 mi (FOB);
• Automóveis com motor explosão, de cilindrada superior a 1.000 cm3, mas não superior a 1.500 cm3, com capacidade de transporte de pessoas sentadas inferior ou igual a seis, incluindo o motorista (NCM 8703.22.10) - US$ 397,0 mi (FOB);
• Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), aglomerados por processo de peletização, de diâmetro superior ou igual a 8mm e inferior ou igual a 18mm (NCM 2601.12.10) - US$ 289,2 mi (FOB);
• Automóveis com motor explosão, de cilindrada não superior a 1.000 cm3 (NCM 8703.21.00) - US$ 288,1 mi (FOB);
• Outros veículos automóveis com motor a explosão, carga <= 5 toneladas (NCM 8704.31.90) - US$ 222,8 mi (FOB).

Na greve desta quarta-feira, o transporte aéreo também foi impactado, com a adesão de cinco dos oito sindicatos mais importantes de profissionais do setor ao movimento paredista. Entre as rotas operadas entre Brasil e Argentina, voos das companhias Aerolíneas Argentinas, Gol e Latam foram cancelados.

A via aérea é um importante modal alternativo para o comércio exterior entre os dois países. Nos nove primeiros meses de 2024, foram enviados do território brasileiro US$ 207,5 milhões em carregamentos para a nação vizinha por meio de aeronaves. No sentido oposto, o Brasil importou US$ 94,1 milhão em remessas argentinas no mesmo período.