A montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) marcou para maio de 2025 a inauguração de sua fábrica no Brasil. A empresa decidiu que fará a montagem dos veículos peça por peça, em vez de importar da China conjuntos de componentes já prontos.
O objetivo é agilizar o processo de nacionalização dos carros para ter acesso a benefícios fiscais do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do governo federal, além de ter permissão para exportar os veículos montados no Brasil.
O Mover prevê a redução de impostos para empresas do setor automotivo levando o índice de nacionalização de sua produção, além de critérios como emissão de poluentes e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Para exportar os veículos produzidos no Brasil, a empresa também precisa atingir um nível de nacionalização a partir de 40%. A montadora, no entanto, quer chegar a 60% para começar a vender para fora do país por volta de 2028.
A planta brasileira da GWM será em Iracemápolis (SP), a cerca de 150 km da capital paulista, na antiga fábrica da Mercedes-Benz, comprada em 2021. A ideia é chegar a 700 empregos diretos assim que a operação na fábrica tiver início.
Com o nacionalização da produção, a GWM se junta a outros players que pretendem fazer frente à concorrência dos híbridos plug-in importados, cujo mercado cresce exponencialmente no Brasil.
Recentemente, a BMW anunciou investimentos na casa de R$ 1,1 bilhão em sua unidade de Araquari (SC) com o objetivo de produizir o primeiro híbrido plug-in da marca fabricado no Brasil, o BMW X5 PHEV.
A também chinesa BYD já anunciou que pretende ser a primeira a fabricar um híbrido plug-in flex no Brasil, em sua futura fábrica em Camaçari (BA).
De acordo com dados da Logcomex, nos primeiros nove meses de 2024, foram importadas 68 mil unidades de modelos híbridos plug-in (NCM 8703.60.00). No mesmo período do ano passado, foram 19 mil - alta de 257% em um ano. Em 2022, o Brasil havia comprado 7,5 mil carros do tipo.
A maior parte das importações brasileiras do setor tem origem na China. Do total de US$ 1,79 bilhão em carros híbridos plug-in estrangeiros que entraram no Brasil entre janeiro e setembro deste ano, US$ 1,37 bilhão refere-se a unidades chinesas.
A GWM já atua no Brasil com a venda de importados. Segundo dados de emplacamentos divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entre janeiro e setembro foram vendidas 15,8 mil unidades do Haval H6, utilitário esportivo híbrido plug-in.
O modelo foi o 30º mais vendido no país no período. A GWM ocupa a 13ª posição, no acumulado do ano, no mercado de automóveis.
Diante da retomada e do aumento gradual do imposto de importação para carros elétricos e híbridos, a montadora decidiu que vai estrear a linha de montagem brasileira com o Haval, de modo a evitar o encarecimento do modelo com a tributação sobre importados.
O plano da empresa é produzir 25 mil unidades do híbrido por ano. A fábrica, no etanto, foi licenciada para uma capacidade produtiva de 50 mil veículos, o que indica que a chinesa deve incluir outro modelo na linha de produção.
Em um primeiro momento, o híbrido da GWM só poderá ser abastecido com gasolina, mas a empresa já estabeleceu contrato local para o desenvolvimento de um sistema híbrido que aceite etanol.
A unidade brasileira da GWM, empresa de capital 100% privado, fundado há 40 anos, será a primeira da montadora no Ocidente e a terceira fora da China. As outras duas ficam na Rússia e na Tailândia.