Nos últimos anos, a importação de leite pelo Brasil tem se tornado um assunto de grande relevância, especialmente em julho de 2024, quando o país atingiu níveis recordes de compra de leite e derivados do exterior.
Este fenômeno tem provocado discussões sobre a sustentabilidade da produção nacional e os desafios enfrentados pelos produtores brasileiros.
Em 2023, o Brasil atingiu um marco significativo: o maior volume de leite importado dos últimos 25 anos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas em julho, o país importou 244 milhões de litros em equivalente leite, o maior volume registrado desde 1999.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as importações chegaram a 1,31 bilhão de litros, um recorde histórico.
Esse aumento expressivo nas importações está diretamente ligado à competitividade dos preços internacionais. Países como Argentina e Uruguai, que juntos são responsáveis por 91% do leite importado pelo Brasil, têm se aproveitado de condições sazonais favoráveis e de uma produção mais eficiente e tecnificada para exportar grandes volumes de leite a preços mais baixos.
Enquanto na Argentina a produção é realizada em grandes propriedades com alta tecnologia, no Brasil, a produção é majoritariamente realizada por pequenos produtores, o que torna o custo de produção mais elevado.
A crescente importação de leite tem gerado impactos significativos na produção nacional. Pequenos e médios produtores brasileiros enfrentam dificuldades para competir com o leite estrangeiro, que chega ao mercado a preços mais baixos.
Essa situação tem levado muitos produtores a questionarem a viabilidade de continuar na atividade. Mesmo com medidas governamentais para tentar desincentivar as importações, como benefícios tributários, o leite importado continua tendo forte presença no mercado brasileiro.
A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) já manifestou preocupação com essa situação, protocolando um pedido de investigação contra a Argentina por concorrência desleal. De acordo com a projeção da Embrapa Gado de Leite, o aumento nas importações de leite deve continuar.
De acordo com a Logcomex, houve uma queda de 23% nas importações de leite integral, em pó, com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 1,5% sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes (NCM:04029100), no primeiro semestre de 2024 em comparação com o ano passado.
A Argentina lidera como o principal país exportador, com 50% FOB movimentado, seguido do Uruguai com 42% e Paraguai com 7%. No Brasil, São Paulo (SP) é o estado que mais importa, seguido do Espírito Santo (ES) e Santa Catarina (SC).
O Porto de Santos segue como principal Unidade de Desembaraço Aduaneiro, representando 45% das operações, seguido da Alfândega Foz do Iguaçu com 22% e Jaguarão com 10%.
Dentre os modais utilizados na importação do leite, é interessante destacar que:
A importação de leite pelo Brasil é um tema complexo que envolve questões econômicas, sociais e políticas.
Enquanto o leite importado oferece preços mais competitivos a curto prazo, a longo prazo, essa dependência pode comprometer a produção nacional e a segurança alimentar do país.
O equilíbrio entre o comércio internacional e a preservação da produção local será fundamental para o futuro do setor leiteiro no Brasil.