A importação de leite e derivados no Brasil teve um ano turbulento em 2024. Em julho, o país registrou o maior volume de importação dos últimos 25 anos, totalizando mais de 1 bilhão de litros de leite importados no primeiro semestre, especialmente de países como Argentina e Uruguai.
Esse aumento foi impulsionado pela defasagem entre a demanda interna e a produção local, agravada por fatores como altos custos de produção e seca.
Em agosto, houve uma queda de 25,1% nas importações, um alívio momentâneo, mas o saldo comercial permaneceu negativo, com déficit de 199 milhões de litros. Isso reflete a dependência contínua de produtos importados, sobretudo leite em pó e muçarela, que ainda são mais baratos no mercado internacional.
O ano de 2024 tem se mostrado desafiador para o importador brasileiro. Os produtos derivados do leite somaram, até Julho, um valor FOB de US$ 617 milhões, segundo a Logcomex. Este montante representa uma singela queda de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
O que impulsionou este resultado são os meses de maio, junho e julho, que tiveram, respectivamente, um valor FOB importado de US$ 74 milhões, US$ 85 milhões e US$ 89 milhões, apontando uma janela de oportunidades para quem esteve atento ao mercado.
Sob a ótica de NCMs, a que mais chama a atenção é a 0402.21.10, do leite integral. O FOB acumulado em 2024 é de US$ 302 milhões, quase 50% de todo o grupo de produtos derivados do leite. Este FOB, entretanto, é 20% menor do que em 2023. Por outro lado, NCMs de queijo, tais como 0406.10.10 e 0406.90.20, acumularam, respectivamente, um aumento no FOB de 41% e 40%.
O market share do segmento mostra como o mercado sulamericano tem se mostrado benéfico para importadores. O ranking de principais origens dos produtos lácteos são Argentina (59%), Uruguai (29%), e Paraguai (4%), de acordo com os dados da Logcomex.
O Brasil enfrenta o desafio de equilibrar o mercado doméstico e reduzir essa dependência, buscando alternativas que valorizem a produção nacional e tornem o setor mais competitivo. A valorização do dólar e os preços elevados do leite no exterior dificultam essa tarefa, enquanto os exportadores argentinos e uruguaios continuam dominando o mercado brasileiro.