Inteligência artificial: a segunda onda de transformação digital

Com cursos custos da infraestrutura computacional diminuindo, há grandes volumes de dados para treinar sistemas inteligentes.

Em 2018, a inteligência artificial será questão central como uma segunda onda de transformação digital nas empresas. O Gartner prevê que, em 2020, 85% dos CIOs (Chief Information Officers) liderarão projetos de inteligência artificial em suas organizações, graças ao espetacular avanço nas pesquisas nessa área, que permite abordar os desafios do negócio com esse tipo de tecnologia, que antes era inimaginável.

Por que isso está acontecendo agora? Os custos da infraestrutura computacional necessária diminuíram muito, temos grandes volumes de dados para treinar sistemas inteligentes e houve um investimento financeiro muito forte, por exemplo, de gigantes digitais e empresas de capital de risco.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Harvard Business Review, estima-se que empresas como Google, Facebook e Microsoft tenham investido mais de US$ 20 bilhões de dólares em inteligência artificial durante 2016, e os projetos de capital de risco receberam financiamento de cerca de US$ 5 bilhões durante o mesmo ano.

A inteligência artificial pode ajudar em quase todos os desafios comerciais que as organizações têm atualmente. Isso permite que as empresas conquistem novos clientes ao sugerir a análise de sentimentos, para identificar o melhor momento para oferecer uma promoção para as pessoas, por exemplo.

Consequentemente, aumenta a satisfação dos clientes, com a antecipação de seus desejos, e também a eficiência da companhia, já que os profissionais passam a dispor de informações relevantes para a tomada de decisão. Além disso, ela permite que os executivos criem novos modelos de negócios para atender novos segmentos de clientes, de novas formas e com novos produtos.

Assim, está confirmado que a inteligência artificial permeará tudo o que fazemos, em qualquer processo de negócios e em qualquer tipo de organização. Nos próximos anos, qualquer ação habitual em um ambiente profissional será apoiada ou realizada por meio de inteligência artificial. Alguns de nossos e-mails serão respondidos automaticamente. Solicitaremos nossas férias a um assistente virtual ou venderemos aos clientes o que um sistema inteligente decidiu priorizar.

As organizações devem adotar inteligência artificial de curto prazo, como fonte de vantagem competitiva e, de longo prazo, como meio para subsistir. Nesta primeira fase, no entanto, é preciso estar aberto à experimentação para ser bem-sucedido, à prova e até ao fracasso. Deve-se manter uma atitude aberta de mudança e inovação.

Embora ainda existam setores que, devido às suas características, sejam mais propensos à adoção de novas tecnologias, notamos que, ao contrário do que aconteceu no passado, a inteligência artificial tem atraído interesse em quase todos os tipos de organização. Os bancos, por exemplo, tomaram medidas firmes para adotar inteligência artificial, para lidar com grandes volumes de informações e trabalhar com recursos facilmente digitalizáveis, mas, outros setores, como telecomunicações, varejo e companhias aéreas não ficaram para trás.

Os três fatores-chave na adoção bem-sucedida da inteligência artificial são a capacidade de imaginar como usar este tipo de tecnologia de forma prática nos desafios comerciais; a disponibilidade de talentos com profundo conhecimento comercial e técnico para realizar o que foi imaginado, e a capacidade de integrar novas soluções em ecossistemas já existentes, muitas vezes, altamente complexos.

Por fim, embora tenham sido realizados avanços impressionantes na capacidade de inteligência artificial, ainda existem grandes desafios a serem solucionados. Alguns deles dizem respeito a tudo o que tem a ver com a ética na adoção da inteligência artificial; à capacidade de explicar as razões que levaram uma inteligência a tomar determinada decisão; evitar vieses na tomada de decisões, introduzidas essencialmente na fase de treinamento da inteligência; ou a capacidade de poder aprender com menores volumes de dados (de milhões para dezenas), como um ser humano faz.

*Alberto Otero é chefe de Inteligência Artificial da Everis Américas