O governo de São Paulo sancionou na semana passada a lei que autoriza a contratação de parceria público-privada (PPP) para construção, operação e manutenção do Túnel Imerso Santos-Guarujá. A iniciativa deve beneficiar diretamente a operação do Porto de Santos, o principal do país, impactando positivamente o comércio exterior brasileiro como um todo.
À espera do licenciamento ambiental para a obra, a administração estadual deve encaminhar até dezembro o projeto para análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A previsão é que o edital seja publicado no segundo trimestre de 2025, e o leilão seja realizado no segundo semestre.
O investimento é estimado em aproximadamente R$ 6 bilhões, que serão custeados pelo Estado de São Paulo, União e setor privado. Ao todo, devem ser gerados nove mil empregos diretos e indiretos para a construção do túnel, o primeiro submerso da América Latina.
A estrutura terá 1,5 quilômetro de extensão, sendo 870 metros submersos, por onde trafegam veículos de passeio, transporte público e caminhões. Além disso, há previsão de ciclofaixas e espaço para pedestres. A ideia é que a travessia entre Santos e Guarujá possa ser feita em menos de cinco minutos.
Hoje, mais de 21 mil veículos, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres cruzam diariamente as duas margens do canal do estuário utilizando barcos de pequeno porte e balsas, deslocando-se por cerca de 40 km por rodovia.
As conexões disponíveis entre ambos os municípios atualmente geram impactos na operação do Porto de Santos, que é formado por um conjunto de terminais voltados à armazenagem e à movimentação de cargas, instalados ao longo do estuário, limite natural entre os municípios de Santos, Guarujá e Cubatão.
O túnel reduzirá riscos de congestionamentos e atrasos no transporte rodoviário até o porto. Segundo o governo de São Paulo, a solução viária amplia possibilidades de desenvolvimento e expansão do complexo.
No início do mês, a Autoridade Portuária de Santos (APS) publicou edital de licitação para contratação do serviço de derrocamento (retirada de rochas) do canal do complexo portuário. A atividade é a primeira etapa para o aprofundamento do acesso, o que permitirá o acesso de navios maiores, melhorando a competitividade do porto.
O Porto de Santos é hoje o principal do Brasil em valor de cargas movimentadas, tanto em importação quanto em exportação. A criação de uma infraestrutura logística ao redor dos terminais pode ser considerada estratégica para um fluxo mais eficiente para as cargas que chegam e saem do país.
Segundo dados da Logcomex, o complexo respondeu por 34% de todas as cargas brasileiras destinadas a outros países por via marítima entre janeiro e setembro de 2024.
Os principais produtos exportados pelo Porto de Santos nos nove primeiros meses deste ano, em valor (FOB), foram:
No sentido inverso, de todas as cargas estrangeiras que entraram no Brasil via portos entre janeiro e setembro de 2024, 37% o fizeram pelo terminal santista.
Os principais produtos importados pelo Porto de Santos nos nove primeiros meses do ano, em valor (FOB), foram: