A mineração no Brasil enfrenta desafios estratégicos em 2025, segundo estudo da Ernst & Young (EY). Três fatores preocupam o setor: tarifas de importação, esgotamento de recursos e aumento dos custos operacionais.
A crescente tensão geopolítica e as mudanças nas cadeias globais de suprimento podem representar tanto riscos quanto oportunidades.
O estudo aponta que o Brasil, um dos maiores produtores globais de minério de ferro, pode se beneficiar de uma possível reconfiguração do comércio internacional.
Caso novas tarifas sejam impostas pelos Estados Unidos, como sugerido pelo atual presidente dos EUA, os impactos diretos devem ser limitados, pois cerca de 80% das exportações minerais têm como destino a Ásia, principalmente a China.
Outro grande desafio para a mineração brasileira é o esgotamento de reservas. Segundo Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY, a inclusão desse tema no ranking de riscos deste ano reforça a necessidade de novos projetos de exploração mineral.
A cada tonelada extraída, os custos aumentam devido à maior profundidade e necessidade de mais processamento. Como resposta, empresas já investem em tecnologias para melhorar a eficiência e reduzir desperdícios.
Os dados de exportação reforçam as preocupações do setor. Em 2024, o Brasil exportou US$ 26,8 bilhões em minérios metálicos, registrando uma queda de 3% em relação ao ano anterior. O ferro-nióbio foi um dos destaques positivos, com crescimento de 6%, alcançando US$ 2,37 bilhões.
Já o níquel sofreu uma retração de 5%, enquanto o grafite natural caiu 11%. Por outro lado, a exportação de carbonato de lítio disparou 19%, impulsionada pela crescente demanda global por baterias e tecnologias de energia limpa.
A transição energética também se tornou um fator determinante para o setor. Minerais como lítio, níquel, grafite e nióbio estão em alta demanda para produção de baterias e tecnologias sustentáveis.
Esse movimento gera oportunidades, mas também exige investimentos em processos mais limpos e socialmente responsáveis. Hoje, grandes projetos precisam atender a exigências ambientais rigorosas, negociar com comunidades locais e minimizar emissões de carbono, o que pode aumentar prazos e custos.
Para mitigar os riscos financeiros, o setor busca diversificação nos modelos de negócios. Uma das estratégias é a compra de ativos já em operação, reduzindo custos de implementação. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) projeta mais de US$ 64 bilhões em investimentos até 2028, voltados para expansão e modernização da produção.