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Novo Governo dos EUA e o Impacto nas Exportações do Agro Brasileiro

Written by Redação Logcomex | 21.1.2025

O novo presidente dos Estados Unidos, empossado nesta segunda-feira (20) para um segundo mandato, voltou ao poder com a promessa de adotar uma linha nas relações internacionais baseada em uma política comercial protecionista.

Caso leve adiante os planos de levantar barreiras comerciais contra uma série de fornecedores estrangeiros, pode, por um lado, favorecer o Brasil no comércio de produtos agropecuários com outros países, mas, por outro, prejudicá-lo na própria relação com os Estados Unidos.

Ainda como candidato, o presidente eleito prometeu impor taxas entre 10% e 20% sobre todas as compras internacionais, além de tarifas de 60% ou mais sobre produtos vindos da China.

A restrição maior do novo governo americano às importações chinesas deve gerar retaliações por parte do país asiático, que buscaria outros fornecedores de commodities, setor em que o Brasil se destaca como forte concorrente dos Estados Unidos.

Movimento semelhante já foi observado em um passado recente, quando as duas potências protagonizaram uma intensa guerra comercial, entre 2018 e 2019.

Em resposta às barreiras tarifárias criadas pelos Estados Unidos à época, a China taxou com alíquota de 25% uma série de produtos americanos, incluindo a soja. Isso fez com que o país asiático ampliasse as compras de soja brasileira para substituir a commodity produzida nos Estados Unidos.

De acordo com dados da Logcomex, as exportações de soja brasileira (NCM 1201.90.00) para a China somaram cerca de 58 milhões de toneladas em 2019. Já em 2024, foram 72,6 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 25,2% em cinco anos.

O mesmo movimento pode se repetir em outros segmentos em que o Brasil compete diretamente com os Estados Unidos em exportações para a China, como milho e carnes suína, bovina e de frango.

Por outro lado, há setores que podem ser prejudicados com medidas protecionistas por parte dos Estados Unidos. As exportações de aço e alumínio brasileiros, por exemplo, poderiam perder espaço para o setor siderúrgico local no caso de um aumento de tarifa sobre os produtos, assim como ocorreu em 2019.

Além disso, o distanciamento ideológico entre os presidentes americano e brasileiro podem atrapalhar tratativas para aberturas e ampliação de mercados entre os países.

No ano passado, as exportações brasileiras para os Estados Unidos bateram recorde, superando a marca de R$ 40 bilhões pela primeira vez na história do comércio entre os dois países.

Uma série de fatores explica o aumento nas vendas de produtos brasileiros para o mercado americano, incluindo a recuperação da economia dos Estados Unidos, que impulsionou o consumo interno e a demanda por itens importados.

A busca do governo americano por diversificar suas cadeias de suprimentos, de modo a reduzir a dependência da China, também abriu espaço para o Brasil.

Além disso, a desvalorização do real em relação ao dólar torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional.