O que está acontecendo com o arroz no Brasil?

O que está acontecendo com a importação de arroz no Brasil?

Em setembro de 2019, a saca do arroz no Brasil era negociada abaixo dos R$50,00. Contudo, o preço do arroz neste mês de setembro superou os R$100,00.

Naturalmente, commodities do agronegócio são sensíveis à variação de preços —especialmente por conta de safra — tanto aqui quanto no resto do mundo.

Mas há outros fatores influenciando esse cenário. Por isso, explicaremos o que está acontecendo com o preço do arroz no Brasil, o que o governo fez para combater a alta do preço e ainda compartilharemos alguns valiosos dados extraídos da plataforma de data analytics de importação da Logcomex!

Por que o preço do arroz subiu?

Representação gráfica da saca de arroz em casca nos últimos 12 meses – Fonte: CEPEA
Representação gráfica da saca de arroz em casca nos últimos 12 meses – Fonte: CEPEA

O aumento do preço se deve, principalmente, ao aumento das exportações do produto, tanto que o volume exportado somente em maio desse ano supera o total dos 17 meses anteriores (Brazilian Rice).

O aumento das exportações foi impulsionado pela demanda externa do produto, em razão de uma quebra de safra fora do Brasil.

Inegavelmente, a desvalorização do real diante do dólar auxiliou na competitividade do preço (que é um dos principais fatores para commodities).

Atualmente, o dólar está cotado acima de R$5,20. De acordo com o Banco Central, no dia 14 de junho de 2019 a cotação do dólar encontrava-se por volta de R$3,88.

Por fim, o próprio cenário pandêmico e a forma como cada país trata o cenário atual afeta de forma complexa a demanda. Restaurantes e hotéis consomem menos do alimento, enquanto nos lares seu consumo aumentou.

Contudo, mesmo diante de uma expressiva alta no ano, os orizicultores continuam avaliando com cautela o quanto pretendem semear em 2021, especulando-se no momento um crescimento de 3,5%.

O que o Governo fez para combater a alta do arroz?

Com o intuito de combater a alta no preço do arroz, a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) decidiu, no dia 09 de setembro de 2020, zerar a alíquota do Imposto de Importação (II) para o arroz em casca e beneficiado.

Assim permaneceu até o dia 31 de dezembro de 2020, limitando a cota de importação à 400 mil toneladas. Antes da medida, o arroz beneficiado tinha alíquota de 12%, enquanto o em casca, 10%.

O efeito dessa alteração da alíquota é imediato e respeita a principal função do imposto, conforme explicamos nesse artigo sobre o Imposto de Importação.

Dessa forma, a importação do arroz se tornou mais barata para contribuir no abastecimento do mercado interno e segurar a alta do preço. Mas não chegou a influenciar para o consumidor final.

Dados sobres as importações de arroz no Brasil

Visto que desejamos analisar os dados mais a fundo, vamos conferir alguns dados levantados na plataforma de data analytics de importação da Logcomex.

Ao pesquisarmos sobre os últimos 3 meses da posição da NCM deste arroz (1006), podemos verificar as seguintes informações:

Foram importados mais de 42 bilhões de dólares (FOB) num total de 536 registros de Declaração de Importação. Entre eles, os países dos quais mais importamos arroz foram:

  1. Paraguai: 173
  2. Itália: 152
  3. Uruguai: 103
  4. Argentina: 41
  5. Panamá.
Valores gerais da importação de arroz — fonte: Logcomex
Valores gerais da importação de arroz — fonte: Logcomex

Entre os tipos de arroz dessa NCM, o “arroz semibranqueado” (1006.30.21) representou, sozinho, mais de 32 bilhões de dólares, seguido do “arroz descascado” (1006.20.20), com quase 9 bilhões.

Por último, o “outros tipos” (1006.30.29), com pouco mais de 1 bilhão.

NCMs pesquisadas e tendência da importação de arroz
NCMs pesquisadas e tendência da importação de arroz — fonte: Logcomex

É possível observar também que, nesses três meses analisados, junho foi o mês com o maior volume importado pela maioria das empresas que o Search verificou.

Prováveis importadores e valor importado no tempo — fonte: Logcomex
Prováveis importadores e valor importado no tempo — fonte: Logcomex

Levando em consideração que, dos 5 países acima, 3 fazem fronteira com o Brasil, vemos que o modal rodoviário foi o meio de transporte mais utilizado (60,26%). Em segundo lugar, o transporte marítimo (38,43%).

Por consequência de o Paraguai estar em primeiro lugar, a Alfândega de Foz do Iguaçu foi a que mais recebeu o produto, seguido de Jaguarão e o Porto de São Luís.

Principais unidades de desembaraço e modais de transporte da importação de arroz — fonte: Logcomex
Principais unidades de desembaraço e modais de transporte da importação de arroz — fonte: Logcomex