A indústria brasileira de pneumáticos vivenciou, de janeiro a setembro de 2024, um aumento de 20% nas importações, advindas da China principalmente, registrando valor FOB de US$1,1 bilhão, enquanto no mesmo período de 2023, o FOB registrado foi de US$971,5 milhões.
Para conter o aumento das importações originárias da Ásia, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), aplicou o aumento para 25% da alíquota da tarifa de importação para pneus de carros de passeio, em setembro. A medida é válida por 12 meses.
De acordo com um estudo da LCA Consultoria Econômica, pneus importados da Ásia chegam ao país com preços até 69% mais baratos.
Caso o aumento do imposto de importação não tivesse sido aplicado, o impacto na produção industrial brasileira seria notável com perda de R$8,2 bilhões ao ano, refletindo na queda de R$2,6 bilhões no PIB.
De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), as vendas totais de pneus registraram queda de 5,8% nos nove primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023, saindo de 40,51 milhões para 38,15 milhões de unidades vendidas no período.
Segundo dados do levantamento setorial divulgado pela ANIP, as comercializações para montadoras caíram 7,4% (passando de 10,40 milhões para 9,63 milhões de pneus), enquanto o mercado de reposição recuou 5,3% (de 30,11 milhões para 28,52 milhões).
Com a compra de 42 milhões de unidades no exterior, saldo negativo este ano é 67% superior ao de 2023.
De acordo com a Logcomex, de janeiro a setembro deste ano, o setor de fabricação de produtos de borracha e plásticos registrou aumento de 20% no valor FOB, saindo de US$971,5 milhões em 2023, para US$1,1 bilhões em 2024.
Em relação à NCM mais importada, está a 4011.10.00 – Pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluindo os veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida.
No período analisado, o valor FOB importado foi de US$615,3 milhões, representando aumento de 23% em comparação com o mesmo período de 2023, quando registrou FOB de US$498,4 milhões. O peso em Kg líquido registrou aumento de 30% – 216,2 mil toneladas – em comparação com 2023.
As importações no período vieram principalmente da China, que movimentou FOB de US$526,3 bilhões (46%). O Vietnã aparece em segundo lugar com FOB US$224,5 milhões (20%) e a Malásia em terceiro lugar com FOB US$107,2 milhões (9%).
Dentre os principais estados brasileiros que mais importaram as NCMs citadas acima, podemos citar:
O porto de Itajaí foi a principal unidade de desembaraço aduaneiro no período, tendo movimentado FOB de US$306,5 milhões (26%).
O Porto de Santos aparece em segundo lugar com FOB movimentado de US$217,2 milhões (19%) e o Porto de Paranaguá em terceiro lugar com FOB movimentado de US$177,2 milhões (15%).
De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), as vendas totais de pneus registraram queda de 5,8% nos nove primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023, saindo de 40,51 milhões para 38,15 milhões de unidades vendidas no período.
As comercializações de pneus para veículos de passeio retraíram 8,9%, saindo de 20,84 milhões de unidades vendidas em 2023 para 19,01 milhões de janeiro a setembro deste ano.
As vendas para montadoras recuaram 2,7% (5,95 milhões para 5,79 milhões) e o mercado de reposição teve queda de 11,3% (14,89 milhões para 13,20 milhões). A retração das vendas de pneus reflete uma desaceleração econômica global e doméstica.
Esse cenário pode aumentar o risco de cortes de produção, afetando a indústria de pneus e também os fornecedores locais de borracha e plásticos, impactando negativamente a cadeia de fornecedores.
Dados da Logcomex apontam que no período analisado, o setor de fabricação de produtos de borracha registrou queda de 8% no FOB exportado — US$603 milhões – em comparação com o mesmo período do ano passado.
A principal NCM – 4011.10.00 referente a pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluindo veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida), apresentou discreta queda de 4% no FOB (US$ 358,4 milhões).
Já a NCM 4011.20.90 - Outros pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões, também registrou queda de 14% no valor FOB exportado — US$243 milhões — além do peso em Kg líquido, que caiu 11% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em contrapartida, um dado interessante é que as exportações de pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em veículos aéreos (NCM 4011.30.00), teve um expressivo aumento de 121% no valor FOB, saindo de US$659,6 mil no mesmo período em 2023, para US$1,4 milhões em 2024. O peso também registrou aumento considerável de 89%, saindo de 14,6 mil toneladas para 27,8 mil toneladas em 2024.
Apesar da retração nas exportações gerais, o crescimento das transações relacionadas à pneus para veículos aéreos é positivo e mostra que o Brasil pode explorar nichos de maior valor agregado, como o aeronáutico, por exemplo.
O Brasil exportou principalmente para os Estados Unidos da América (EUA), de janeiro a setembro deste ano. O FOB movimentado para o país americano foi de US$209,3 milhões (35%).
A Argentina aparece como segundo país de destino do comércio internacional brasileiro, com FOB movimentado de US$131,7 milhões (22%). O México aparece em terceiro lugar com US$96,3 milhões (16%) de FOB movimentado.
A alta nas exportações de pneus para veículos aéreos e a manutenção de parcerias comerciais com os EUA, Argentina e México são indícios de que as empresas brasileiras de pneus podem diversificar e intensificar sua produção de produtos especializados, de maior valor agregado, para mercados que não competem diretamente com a Ásia em termos de custo.
Conheça a seguir, os principais estados brasileiros exportadores de pneumáticos de janeiro a setembro de 2024:
A presença de uma competição estrangeira mais barata pode incentivar o setor a investir em automação, inovação em materiais e eficiência logística, buscando reduzir custos e aumentar a competitividade.
Implementar automação nas linhas de produção permite que empresas brasileiras reduzam custos operacionais e aumentem a eficiência, reduzindo a diferença de custo em relação aos concorrentes asiáticos.
Tecnologias como robótica, IoT e machine learning permitem uma produção mais inteligente e otimizada, o que reduz desperdícios e melhora a produtividade.
Com o uso de tecnologias de eficiência energética e monitoramento em tempo real, as indústrias podem reduzir seu consumo de energia e o impacto ambiental, melhorando a sustentabilidade e atraindo consumidores e parceiros mais conscientes.
Também é válido ressaltar que o uso de análises preditivas permite que as indústrias de pneumáticos brasileiras atuem de forma proativa e preventiva, ajustando sua produção e preparando-se para períodos de maior ou menor demanda.
Ferramentas de inteligência de mercado, ajudam empresas a identificar mercados onde seus produtos podem ter maior demanda, e a direcionar suas estratégias para esses segmentos.
Além disso, com dados de logística mais precisos e uso de inteligência para otimizar rotas e operações portuárias, as indústrias brasileiras podem controlar melhor os custos envolvidos nas operações de importação e exportação de pneumáticos.