Logcomex Blog

Pneumáticos: importações aumentam e exportações retraem até setembro

Written by Redação Logcomex | 29.10.2024

A indústria brasileira de pneumáticos vivenciou, de janeiro a setembro de 2024, um aumento de 20% nas importações, advindas da China principalmente, registrando valor FOB de US$1,1 bilhão, enquanto no mesmo período de 2023, o FOB registrado foi de US$971,5 milhões.

Para conter o aumento das importações originárias da Ásia, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), aplicou o aumento para 25% da alíquota da tarifa de importação para pneus de carros de passeio, em setembro. A medida é válida por 12 meses. 

De acordo com um estudo da LCA Consultoria Econômica, pneus importados da Ásia chegam ao país com preços até 69% mais baratos. 

Caso o aumento do imposto de importação não tivesse sido aplicado, o impacto na produção industrial brasileira seria notável com perda de R$8,2 bilhões ao ano, refletindo na queda de R$2,6 bilhões no PIB.

De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), as vendas totais de pneus registraram queda de 5,8% nos nove primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023, saindo de 40,51 milhões para 38,15 milhões de unidades vendidas no período. 

Segundo dados do levantamento setorial divulgado pela ANIP, as comercializações para montadoras caíram 7,4% (passando de 10,40 milhões para 9,63 milhões de pneus), enquanto o mercado de reposição recuou 5,3% (de 30,11 milhões para 28,52 milhões).

Com a compra de 42 milhões de unidades no exterior, saldo negativo este ano é 67% superior ao de 2023.

Importações de pneumáticos: janeiro a setembro de 2024

De acordo com a Logcomex,  de janeiro a setembro deste ano, o setor de fabricação de produtos de borracha e plásticos registrou aumento de 20% no valor FOB, saindo de US$971,5 milhões em 2023, para US$1,1 bilhões em 2024.

Em relação à NCM mais importada,  está a 4011.10.00 – Pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluindo os veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida.

No período analisado, o valor FOB importado foi de US$615,3 milhões, representando aumento de 23% em comparação com o mesmo período de 2023, quando registrou FOB de US$498,4 milhões. O peso em Kg líquido registrou aumento de 30% – 216,2 mil toneladas – em comparação com 2023.

Outras NCMs importadas no período

  • 4011.20.90 - Outros Pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões | FOB: US$534,2 milhões (+16%) | Peso em Kg líquido: 206,3 mil toneladas (+23%)
  • 4011.30.00 - Pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em veículos aéreos | FOB: US$15 milhões (+10%) | Peso em Kg líquido: 579,8 toneladas (+5%)
  • 4011.20.10 - Pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões, de medida 11,00-24 | FOB: US$183 mil, registrando aumento de 288% em comparação com o mesmo período de 2023, quando registrou FOB de US$47 mil. Já o peso em Kg líquido foi de 60,7 toneladas – aumento de 299% em comparação com o ano passado, quando registrou apenas 15 mil toneladas.

As importações no período vieram principalmente da China, que movimentou FOB de US$526,3 bilhões (46%). O Vietnã aparece em segundo lugar com FOB US$224,5 milhões (20%) e a Malásia em terceiro lugar com FOB US$107,2 milhões (9%).

Dentre os principais estados brasileiros que mais importaram as NCMs citadas acima, podemos citar:

  • Santa Catarina (SC) - FOB: US$548 milhões (47%)
  • Paraná (PR) - FOB: US$156,2 milhões (13%)
  • São Paulo (SP) - FOB: US$ 108,3 (9%)

O porto de Itajaí foi a principal unidade de desembaraço aduaneiro no período, tendo movimentado FOB de US$306,5 milhões (26%). 

O Porto de Santos aparece em segundo lugar com FOB movimentado de US$217,2 milhões (19%) e o Porto de Paranaguá em terceiro lugar com FOB movimentado de US$177,2 milhões (15%).

Vendas de pneumáticos

De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), as vendas totais de pneus registraram queda de 5,8% nos nove primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023, saindo de 40,51 milhões para 38,15 milhões de unidades vendidas no período. 

As comercializações de pneus para veículos de passeio retraíram 8,9%, saindo de 20,84 milhões de unidades vendidas em 2023 para 19,01 milhões de janeiro a setembro deste ano. 

As vendas para montadoras recuaram 2,7% (5,95 milhões para 5,79 milhões) e o mercado de reposição teve queda de 11,3% (14,89 milhões para 13,20 milhões). A retração das vendas de pneus reflete uma desaceleração econômica global e doméstica. 

Esse cenário pode aumentar o risco de cortes de produção, afetando a indústria de pneus e também os fornecedores locais de borracha e plásticos, impactando negativamente a cadeia de fornecedores.

Exportações de pneumáticos: janeiro a setembro de 2024

Dados da Logcomex apontam que no período analisado, o setor de fabricação de produtos de borracha registrou queda de 8% no FOB exportado — US$603 milhões – em comparação com o mesmo período do ano passado.

A principal NCM – 4011.10.00 referente a pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluindo veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida), apresentou discreta queda de 4% no FOB (US$ 358,4 milhões).

Já a NCM 4011.20.90 - Outros pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões, também registrou queda de 14% no valor FOB exportado — US$243 milhões — além do peso em Kg líquido, que caiu 11% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em contrapartida, um dado interessante é que as exportações de pneumáticos novos, de borracha, dos tipos utilizados em veículos aéreos (NCM 4011.30.00), teve um expressivo aumento de 121% no valor FOB, saindo de US$659,6 mil no mesmo período em 2023, para US$1,4 milhões em 2024. O peso também registrou aumento considerável de 89%, saindo de 14,6 mil toneladas para 27,8 mil toneladas em 2024.

Apesar da retração nas exportações gerais, o crescimento das transações relacionadas à pneus para veículos aéreos é positivo e mostra que o Brasil pode explorar nichos de maior valor agregado, como o aeronáutico, por exemplo.

Principais países de destino das exportações brasileiras

O Brasil exportou principalmente para os Estados Unidos da América (EUA), de janeiro a setembro deste ano. O FOB movimentado para o país americano foi de US$209,3 milhões (35%).

A Argentina aparece como segundo país de destino do comércio internacional brasileiro, com FOB movimentado de US$131,7 milhões (22%). O México aparece em terceiro lugar com US$96,3 milhões (16%) de FOB movimentado.

A alta nas exportações de pneus para veículos aéreos e a manutenção de parcerias comerciais com os EUA, Argentina e México são indícios de que as empresas brasileiras de pneus podem diversificar e intensificar sua produção de produtos especializados, de maior valor agregado, para mercados que não competem diretamente com a Ásia em termos de custo.

Estados brasileiros exportadores de pneumáticos

Conheça a seguir, os principais estados brasileiros exportadores de pneumáticos de janeiro a setembro de 2024:

  • São Paulo (SP) | FOB: US$ 299 milhões (50%)
  • Bahia (BA) | FOB: US$ 116,5 milhões (19%)
  • Rio de Janeiro (RJ) | FOB: US$ 99,8 milhões (17%)

Principais unidades de desembaraço aduaneiro

  • Porto de Santos - FOB: US$250,7 milhões (42%)
  •  ALF Salvador - FOB: US$97,8 milhões (16%)
  • Porto do Rio de Janeiro - FOB: US$72 milhões (12%)

Inovação e eficiência no mercado interno

A presença de uma competição estrangeira mais barata pode incentivar o setor a investir em automação, inovação em materiais e eficiência logística, buscando reduzir custos e aumentar a competitividade.

 Implementar automação nas linhas de produção permite que empresas brasileiras reduzam custos operacionais e aumentem a eficiência, reduzindo a diferença de custo em relação aos concorrentes asiáticos.

Tecnologias como robótica, IoT e machine learning permitem uma produção mais inteligente e otimizada, o que reduz desperdícios e melhora a produtividade.

Com o uso de tecnologias de eficiência energética e monitoramento em tempo real, as indústrias podem reduzir seu consumo de energia e o impacto ambiental, melhorando a sustentabilidade e atraindo consumidores e parceiros mais conscientes.

Também é válido ressaltar que o uso de análises preditivas permite que as indústrias de pneumáticos brasileiras atuem de forma proativa e preventiva, ajustando sua produção e preparando-se para períodos de maior ou menor demanda.

Ferramentas de inteligência de mercado, ajudam empresas a identificar mercados onde seus produtos podem ter maior demanda, e a direcionar suas estratégias para esses segmentos. 

Além disso, com dados de logística mais precisos e uso de inteligência para otimizar rotas e operações portuárias, as indústrias brasileiras podem controlar melhor os custos envolvidos nas operações de importação e exportação de pneumáticos.