A participação do Brasil no exterior poderia ser muito maior se algumas barreiras logísticas fossem rompidas. Muitas empresas deixam de se internacionalizar porque não estão dispostas a enfrentar alguns dos desafios existentes na logística brasileira para importar ou exportar uma mercadoria.
A ferramenta Doing Business do Banco Mundial tem como objetivo mensurar e rankear a facilidade negociação entre 190 economias, quanto mais perto de 1 mais fácil é fazer negócios com determinado país. Essa ferramenta possui diversos indicadores, como facilidade para abrir empresas, tributação, pagamento de impostos, comércio internacional, obtenção de crédito e muitos outros. Nela é possível identificar o quanto o Brasil está distante de ter uma boa negociação com o mundo. Em 2019 o país caiu 15 posições, de 109 para 124.
Desde a saída da mercadoria até a sua chegada no destino, diversas são as barreiras enfrentadas por players do comércio exterior, tais barreiras desestimulam o crescimento da economia e prejudicam todos os seus setores.
Muitas empresas possuem a vontade de se internacionalizar, porém não conhecem como funciona a operação, como começar, onde prospectar fornecedores e clientes e como fazer isso de forma legal. Por ser considerada uma operação com diversos trâmites complexos, é muito comum serviços do comércio exterior serem terceirizados entre diversas empresas.
Outro desafio que pode ser mencionado, é a falta de profissionais capacitados que entendam as burocracias exigidas no comércio exterior, possuam facilidade para negociar com diferentes culturas e também possuam conhecimento de outros idiomas.
O excesso de burocracias atrapalham o desenvolvimento brasileiro, fazendo com que os produtos percam a competitividade nacional e internacionalmente.
Atualmente, são diversas as documentações, licenças e certificados solicitados por órgãos anuentes e Receita Federal para a entrada e/ou saída de uma carga no país. A burocracia exige das empresas diversos recursos, e os funcionários que poderiam estar focados na prospecção ou no sucesso do cliente, usam o tempo do expediente emitindo, conferindo ou retificando documentações.
Os riscos são muitos em caso de descumprimento ou erros, podendo gerar diversos prejuízos a operação, cobrança de novas taxas, atraso na liberação das cargas e ainda a possibilidade da carga retornar ao exterior.
O maior objetivo da logística é oferecer um excelente nível de serviço de atendimento ao cliente no menor custo possível. Porém a carga tributária no Brasil é muito alta, fazendo com que a operação logística não seja viável.
Além dos tributos, ainda há entraves que encarecem a operação, como as taxas cobradas em portos e aeroportos, pedágios, tarifas cobradas para utilização dos sistemas da Receita Federal, taxas cobradas pelos órgãos anuentes, tempo de fiscalização e despacho aduaneiro, exigência de documentos impressos e originais, falta de padronização entre portos, aeroportos e órgãos anuentes, falta de sincronismo entre os órgãos anuentes e complexidade das operações e dos sistemas.
É chamado de custo Brasil, os custos que compõe a cadeia de suprimentos e inviabilizam a internacionalização ou até mesmo a competição interna com burocracias e outras dificuldades estruturais.
A falta de segurança para a carga, seja por roubo ou avarias, também são fatores que aumentam os custos da operação logística. Atualmente, a segurança das cargas que transitam pelas rodovias brasileiras são uma preocupação. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados onde há mais roubo de cargas. As condições das malhas rodoviárias também não favorecem o transporte, fazendo com que a cabotagem seja uma boa alternativa.
Mesmo os portos brasileiros possuindo níveis internacionais não se comparam com a agilidade dos portos asiáticos e europeus que possuem automatização e agilidade na movimentação das cargas. É comum existir congestionamento de navios e caminhões em diversos portos brasileiros.
É necessário o investimento urgente em infraestrutura e inovação com o objetivo de melhorar a movimentação de cargas e favorecer a balança comercial brasileira.
A melhoria dessas barreiras e desafios são de interesse público e privado. Apenas com a melhoria da Infraestrutura, burocracias, custos, carga tributária, agilidade logística e educação, o Brasil terá capacidade para competir externamente.
Fonte: Doing Business – Banco Mundial;
Os custos e encargos dos órgãos anuentes no comércio exterior brasileiro – Fórum de Competitividade das Exportações.
Escrito por: Kauana Pacheco