Após quase 80 dias de restrições na navegação pelo Rio Negro, em razão da seca histórica, Manaus voltou a receber navios de carga de grande porte nesta semana.
As embarcações Mercosul Suape e Jacarandá, ambas de bandeira brasileira, atracaram na terça-feira (26) no Porto Chibatão, no sul da cidade. Foram as primeiras operações do tipo desde o início do período crítico de vazante deste ano.
Ambos os navios chegaram ao local com carga reduzida, transportando 2.080 contêineres, metade da capacidade total, como medida de segurança diante da condição ainda delicada do rio. As cargas são de componentes e peças para indústrias da Zona Franca de Manaus, além de produtos para o comércio.
A estiagem que atingiu a região da capital amazonense foi a pior da história. No início de outubro, o nível do Rio Negro atingiu a marca de 12,66 metros, o mais baixo já registrado em mais de 120 anos de medição.
Na terça-feira, de acordo com boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o nível do rio chegou a 14,23 metros, o que permitiu a retomada das operações portuárias.
Durante o período de baixa, para assegurar a manutenção do fluxo de mercadorias, foram instalados portos temporários, projetados para operar em áreas de baixa profundidade, entre o município de Itacoatiara e a enseada do Rio Madeira.
As estruturas permitiram o transbordo de contêineres de navios para balsas, assegurando a movimentação de cargas até Manaus. O investimento incluiu guindastes, plataformas elevatórias e estudos técnicos para viabilizar as operações em condições adversas.
Com isso, em outubro, o estado conseguiu garantir US$ 1,38 bilhão (FOB) em importações, um crescimento de 128% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Logcomex.
No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o estado importou US$ 13,7 bilhões em cargas, uma alta de 26,9% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 12,6 bilhões).