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Taxa de câmbio na importação: tudo o que você precisa saber

Existem diversas etapas e custos do processo de importação que demandam muita atenção dos profissionais dessa área. Além de custos fixos, é preciso ficar de olho na flutuação das moedas estrangeiras, ou seja, acompanhar regularmente a taxa de câmbio na importação.

Esse monitoramento é essencial devido ao regime de câmbio flutuante adotado pelo Brasil. Por exemplo, profissionais do comércio exterior precisam acompanhar a variação do dólar de compra e venda para que as operações e cálculos sejam previstos e conciliados corretamente.

Além disso, quando se trata de empresas, há outros elementos importantes que podem influenciar até na forma de pagamento.

Neste texto, você entenderá tudo sobre câmbio na importação. Leia e aproveite!

Você verá neste artigo:

O que é taxa de câmbio?

Durante nosso meetup em parceria com a SVN Investimentos: Estratégias de Câmbio para Importadores, a Laura Rigonato Oratz — Customer Success aqui na Logcomex — resumiu muito bem o que é a taxa de câmbio: “Uma operação de câmbio nada mais é do que a troca da moeda de um país pela a de outro”.

Em outras palavras, a taxa de câmbio é a relação entre as moedas de dois países que resulta no valor para compra e venda em conversões e transações internacionais. Essa relação impacta diretamente no valor final da negociação entre um importador e um exportador.

Esse valor ainda pode variar de acordo com algumas variáveis impostas pelas nações e seus órgãos reguladores. Por exemplo, há uma diferença entre o câmbio de compra e venda no dólar.

Além disso, o valor pode ser influenciado se o país adota taxas diferentes para câmbio comercial e de turismo.

O que determina a taxa de câmbio?

A forma como a taxa de câmbio é determinada depende do regime cambial adotado pelo país. No Brasil, o órgão responsável por regulamentar esse mercado é o Conselho Nacional Monetário (CNM), sendo que o Banco Central do Brasil (Bacen) fiscaliza as atividades.

O regime adotado aqui é o flutuante, ou seja, alguns fatores externos influenciam em como a taxa de câmbio é determinada.

O principal influenciador no valor sobre as moedas estrangeiras no Brasil, principalmente o dólar, é a oferta e a demanda. Isso mesmo, moedas são bens, assim como produtos e matéria prima. Dessa forma, são influenciadas pelo volume transacionado no Brasil.

Para entender melhor, aqui vai um exemplo prático:

Durante a pandemia de Covid-19, muitas empresas retiraram seus investimentos estrangeiros (em dólar), devido ao cenário de instabilidade econômica. Com o menor volume de dólares circulando no Brasil, consequentemente a taxa de câmbio sobe.

Outro agente que pode influenciar no valor entre o dólar e o real é o Bacen. Para regular o mercado, o Banco Central pode comprar ou vender dólares, o que causa a queda ou aumento da taxa de câmbio, respectivamente.

Fechamento do câmbio

De maneira resumida, o fechamento de câmbio é o processo de converter uma moeda estrangeira em uma operação de compra e venda internacional. 

O fechamento deve ser sempre feito por meio de uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil, que pode ser um banco ou uma corretora de câmbio — sendo essa instituição responsável pela regulamentação e fiscalização do mercado cambial no país. 

O processo acontece, basicamente, em três etapas: a contratação, a negociação e a liquidação. 

Contratação

A primeira etapa do processo envolve entrar em contato com uma agência especializada e devidamente autorizada pelo Banco Central. 

Feito isso, essa instituição vai solicitar os documentos necessários para gerar o contrato que vai intermediar a comercialização internacional. 

Afinal, toda a operação precisa ser muito bem documentada, com as partes envolvidas encaminhando os documentos que comprovam a veracidade da importação, as informações sobre mercadorias, quantidades, comprador, vendedor, entre outros.

Sendo que a documentação exigida costuma envolver:

  • A Licença de Importação (LI)
  • A Fatura Comercial (Invoice)
  • A Declaração de Importação (DI ou Duimp)
  • O Conhecimento de Embarque (Bill of Lading/Air Waybill)
  • O Comprovante de Importação (CI)
  • Registro de Operações Financeiras (ROF).

Algumas agências bancárias ou corretoras de câmbio também podem solicitar outros documentos específicos, conforme suas necessidades. Mas em geral são solicitados esses 6 documentos.

Feita a entrega e a conferência deles, o Contrato de Câmbio é gerado. Então, falando da contratação, é neste termo que vão ser estabelecidas as condições da operação, incluindo valores, taxas, prazos e afins.

Leia também: Negociação internacional: 5 técnicas para aplicar em sua empresa

Negociação

Nesta etapa, é muito importante definir a instituição ideal para alcançar a taxa mais vantajosa para a sua operação antes de firmar o contrato de câmbio. 

Afinal, bancos e corretoras de câmbio têm liberdade para negociar as melhores taxas e condições com seus clientes. Então, vale pesquisar bem aqui.

Somente após essa etapa é que o fechamento de câmbio deve ocorrer, levando em consideração fatores como a necessidade da empresa importadora, a taxa de juros em vigor e a variação da taxa de câmbio daquele dia. 

Liquidação 

A liquidação é a última etapa, que acontece quando há o crédito ou débito da moeda estrangeira entre as partes envolvidas e a instituição responsável realiza a transferência internacional através do SWIFT, que é um sistema financeiro global. 

Inclusive este sistema ficou mais conhecido com a guerra na Ucrânia, em que houve o pedido para banir a Rússia desse sistema e inviabilizar as negociações com outros países.

Para fechar, vale destacar aqui que quanto mais rápida for a liquidação, mais competitiva a empresa tende a ser no comércio exterior, porque ela tem essa capacidade de oferecer prazos interessantes para os seus contratantes ou, a depender do caso, de receber com mais rapidez.

Como a taxa de câmbio impacta na importação?

Toda compra internacional feita por uma empresa brasileira precisa converter o real para a moeda do país de origem do fornecedor. É aí que entra o câmbio na importação. 

Afinal, o Banco Central não permite a circulação de outras moedas no território nacional. Então, ao pagar ou receber qualquer mercadoria, é obrigatória a conversão do valor para a nossa moeda. Tudo devidamente registrado nos sistemas de controle federal. 

Na importação, considere o seguinte cenário: o frete cobrado está em torno de 600 dólares, mas o valor repassado não será esse, porque na hora de realizar o pagamento aquele valor pode mudar, já que a variação de câmbio acontece todo dia. 

Se no dia da cotação o valor era de R$4,80, por exemplo, no dia de efetuar o pagamento do frete já pode estar em R$5. 

Então, o sistema de câmbio precisa compreender o que foi pago, o que está aberto e também o fato de que a taxa cambial paga naquele dia vai ser diferente de quando a mercadoria entrar no estoque da empresa importadora. 

E o importador precisa estar atento a todos os ajustes necessários para fechar o caixa e evitar prejuízo na sua operação.

Além disso, considerando que há uma constante flutuação entre o valor do dólar, as operações de importadores são influenciadas diretamente. 

Dependendo do status da moeda, de baixa ou alta, o mercado fica mais propício para compra ou venda.

Por exemplo, quando há desvalorização da moeda nacional, a relação entre ela e a estrangeira fica maior e, consequentemente, a compra de produtos do exterior fica mais cara.

No cenário descrito acima, há reações padrão do mercado de comércio exterior. As negociações ficam mais rentáveis para os exportadores, visto que seus gastos são em real, mas os pagamentos são em dólar.

Há também o cenário oposto, em que há valorização da moeda nacional em relação à estrangeira. Neste, a importação se torna interessante, vislumbrando oportunidades de lucro com produtos do exterior.

Exemplo disso é o caso dos nossos vizinhos da Argentina, que tiveram que reduzir drasticamente o número de importações com a escassez de moeda estrangeira. 

Como a gente tem acompanhado nas últimas notícias, o país passa por uma intensa crise inflacionária e a constante desvalorização da moeda, o peso. 

Então, o governo aplicou algumas medidas para restringir a quantidade de importações e cuidar das suas escassas reservas do banco central. 

Com isso, os argentinos estão ficando sem acesso a várias mercadorias importadas ou que sejam fabricadas com insumos de outros países.

Porém, atente-se, não é uma regra dizer que a alta do dólar para importadores é boa ou vice-versa. É preciso analisar toda a ordem de custo e fidelidade de compra. Além disso, a alta na taxa de câmbio significa mais confiança para investimentos internacionais.

Como o dólar impacta na importação?

O dólar tem um impacto direto nas atividades de importadores. Isso porque a moeda norte-americana é a moeda-base para operações de compra e venda entre diversos fornecedores – incluindo fora dos Estados Unidos.

Para ficar mais claro, observe os marketplaces e sites de venda asiáticos, que ganharam muito destaque no Brasil. Apesar de serem fornecedores de diversos países daquele continente, o pagamento é feito em dólar.

E essa base de negociações não fica muito diferente entre empresas e indústrias brasileiras. A taxa cambial do dólar é muito vantajosa para negociações entre diversos países.

Leia também: Por que o dólar está tão alto? Quais as consequências para importação e exportação?

Quais são as formas de pagamento do câmbio?

As transações internacionais são mais complexas do que uma simples compra de produtos em sites no exterior. Por isso, importadores precisam ficar atentos à cobertura cambial.

Além disso, a forma e momento do pagamento influenciam até nos documentos necessários para operações de câmbio que listamos acima. 

Compras com prazo de pagamento superior a 360 dias precisam do ROF, enquanto as transações com prazo inferior a 360 dias podem ser mencionadas diretamente na Duimp.

Existem três classificações para os pagamentos com cobertura cambial:

  • Antecipado – pago antes do envio dos produtos
  • À vista – pago logo após o embarque dos produtos
  • À prazo: pago somente quando a mercadoria chega ao destino final.

As formas de pagamento também devem ser analisadas cuidadosamente pelos profissionais de comércio exterior. São elas:

  • Remessa expressa: transferência internacional, neste caso de operação comercial, para pagamentos de produtos importados
  • Cartão de crédito: o Índice de Operações Financeiras e a taxa de câmbio tendem a ser mais altos que os outros meios
  • Vale postal: serviço oferecido pelos Correios, indicado para pagamentos de valores baixos, com custo de operação de 35 reais mais uma taxa de 1,5% sobre o valor da remessa.

Existem também algumas alternativas de financiamento, como o FINIMP — Financiamento de Importação, o ACE — Adiantamento sobre Cambiais Entregues e o ACC — Adiantamento sobre Contrato de Câmbio. 

Leia também: Custo de importação: quais são e como pagar por eles? 

Dicas para uma negociação mais segura e vantajosa na importação

Precisamos ter em mente que, em momentos de volatilidade do câmbio como o que estamos vivendo, mudanças bruscas na taxa de câmbio podem atingir em cheio as atividades de empresas de importação, que também estão expostas às oscilações dos mercados internacionais. 

Por exemplo, quando a carga chega, o agente envia a fatura de frete para o pagamento e somente depois do pagamento de frete e despesas ao agente, o mesmo vai providenciar o pagamento do armador ou companhia aérea. 

Durante esse tempo todo de recebimento da fatura, pagamento ao agente e pagamento do frete, a cotação da moeda estrangeira fica variando. 

Neste sentido, para não correr riscos de perder a lucratividade da operação, as empresas importadoras podem recorrer a algumas medidas de blindagem, que são ferramentas utilizadas para a proteção cambial, o que o mercado financeiro chama de hedge.

Esta pode ser uma arma poderosa para evitar problemas de caixa, até mesmo ter maior previsibilidade em recebimentos ou em pagamentos em moedas estrangeiras e, assim, minimizar o risco de operações.

Afinal, a importação fica protegida contra possíveis flutuações que podem ser nocivas para o negócio. Inclusive, esse serviço pode ser contratado em qualquer momento, seja na fase de produção de bens ou no fechamento do negócio.

Existe também o SWAP Cambial que, de maneira simples, é a troca de variação cambial. Para entendê-lo melhor, tente imaginar o seguinte cenário: uma empresa brasileira tem uma dívida em dólares e o cenário aponta que a moeda vai se valorizar. 

Essa empresa pode fazer um SWAP e trocar o indexador por uma determinada taxa prefixada. 

Se o dólar subir, seu capital o acompanha, garantindo então a sua capacidade de pagamento da dívida em dólares no futuro. 

Então, quem vende esse contrato fica protegido caso a cotação do dólar aumente, mas tem de pagar a taxa Selic para o comprador, no caso o Banco Central.

Além do SWAT, há o Câmbio Futuro ou Trava Cambial, em que a empresa importadora trava a taxa de câmbio no momento mais adequado para o seu negócio. 

Dessa forma, seu valor em reais fica protegido das oscilações da moeda até a data da liquidação. 

Por isso, costuma ser um dos tipos de hedge cambial mais interessantes para as operações do comércio exterior, que vai trazer mais robustez à estratégia da empresa, ganhando vantagens competitivas consideráveis em relação aos seus concorrentes no futuro, já que têm custos relativamente estabilizados. 

Existe ainda o Fluxo de Caixa Internacional, geralmente utilizado por grandes empresas, que usam seu próprio fluxo de caixa para se proteger da variação cambial. 

Por exemplo: uma indústria química decide manter uma conta corrente em dólar, fora do seu país de origem, para realizar o pagamento das suas compras, como matérias-primas e equipamentos importados. 

Também há o NDF ou Termo de Moedas, que tem como objetivo fixar, de maneira antecipada, uma taxa de câmbio em uma data futura. 

Ou seja, as partes envolvidas se comprometem com a compra e venda da moeda estrangeira em uma data futura predeterminada, estabelecendo o contrato com valor, a data e o volume a ser transacionado. 

Ele é semelhante à trava de câmbio, mas o NDF não é um contrato a termo liquidado somente na data de vencimento, mas sim um derivativo, sujeito a outro cálculo tributário. 

A desvantagem pode ser a baixa liquidez do contrato e o risco de crédito mais alto do que outros instrumentos.

Por fim, existe o Fundo Cambial, geralmente voltado para investidores, porque se trata de um fundo de investimentos com ativos que acompanham as oscilações de moedas estrangeiras. 

Assim, a rentabilidade do investimento acompanha as flutuações das moedas contidas na carteira do fundo, oferecendo proteção cambial.

Taxas de câmbio nos últimos anos

Para finalizar, é importante saber quais foram as taxas de câmbio dos últimos anos. Confira nas tabelas abaixo!

Taxa de câmbio em 2021

MêsCompra

 

(Dólar comercial)

Venda

 

(Dólar comercial)

JaneiroR$ 5,4753R$ 5,4759
FevereiroR$ 5,5296R$ 5,5302
MarçoR$ 5,6967R$ 5,6973
AbrilR$ 5,403R$ 5,4036
MaioR$ 5,2316R$ 5,2322
JunhoR$ 5,0016R$ 5,0022
JulhoR$ 5,121R$ 5,1216
AgostoR$ 5,1427R$ 5,1433
SetembroR$ 5,4388R$ 5,4394
OutubroR$ 5,6424R$ 5,6430
NovembroR$ 5,6193R$ 5,6199
DezembroR$ 5,6455R$ 5,6461
Valor de compra e venda do dólar em 2021

Taxa de câmbio em 2022

MêsCompra (Dólar comercial)Venda (Dólar comercial)
JaneiroR$ 5,4753R$ 5,4759
FevereiroR$ 5,5296R$ 5,5302
MarçoR$ 5,6967R$ 5,6973
AbrilR$ 5,403R$ 5,4036
MaioR$ 5,2316R$ 5,2322
JunhoR$ 5,0016R$ 5,0022
JulhoR$ 5,121R$ 5,1216
AgostoR$ 5,1427R$ 5,1433
SetembroR$ 5,4388R$ 5,4394
OutubroR$ 5,6424R$ 5,6430
NovembroR$ 5,6193R$ 5,6199
DezembroR$ 5,6455R$ 5,6461
Valor de compra e venda do dólar em 2022
Valor de compra e venda do dólar em 2022

Use a planilha de custos de importação gratuita da Logcomex

A Logcomex desenvolveu e oferece gratuitamente a planilha de custos de importação para você conseguir planejar melhor suas ações na importação. Com a planilha de custos de informação, você consegue colocar os valores pagos no processo e calcular quanto você terá que pagar ao todo.

Abaixo, separamos ainda um passo a passo para você entender como ela funciona.

1. Acesse a planilha. Na aba 2, preencha o nome do produto.

Facilite o calculo de custos de importação com a nossa planilha

2. Depois, preencha as informações de “Quantidade”, “Unidade de Medida”, “Peso”, “NCM”, “Descrição da NCM”.

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3. Depois, preencha os valores estimados e a moeda utilizada no pagamento. 

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Automaticamente, o valor aduaneiro será atualizado

Automaticamente, o valor aduaneiro será atualizado

5. Na próxima tabela, preencha os valores dos impostos.

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Os valores e a base de cálculo serão atualizados.

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Por fim, temos o custo total da mercadoria, tanto em dólar, quanto em libra e euro.

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