O transporte marítimo, peça-chave no comércio internacional, atravessa uma de suas maiores crises. A escassez de contêineres e os altos custos de frete estão transformando a dinâmica global de importação e exportação, afetando economias e setores estratégicos.
Ataques de rebeldes Houthis no Mar Vermelho desde 2023 interromperam uma das principais rotas marítimas globais. Muitos navios precisaram desviar pelo Cabo da Boa Esperança, aumentando os tempos de transporte em até 14 dias e pressionando custos.
Secas severas afetaram a navegação em locais estratégicos, como Manaus, onde cursos de água fundamentais para o transporte foram drasticamente reduzidos. Isso gerou atrasos no escoamento de produtos e encareceu operações logísticas.
Portos operando acima de sua capacidade, como Santos, enfrentam congestionamentos regulares, impactando negativamente a fluidez das operações e gerando custos adicionais. Enquanto isso, as tensões no Oriente Médio elevaram os preços do combustível marítimo, um fator crucial no cálculo dos fretes.
O Brasil, altamente dependente do modal marítimo, sente fortemente os impactos. Em 2024, os custos médios de transporte de contêineres na rota China-Brasil atingiram US$ 6.900, com picos de US$ 8.300 no último trimestre.
Na rota EUA-Brasil, a média ficou em US$ 6.956, enquanto os custos na rota Alemanha-Brasil se mantiveram mais baixos, com média de US$ 2.373 no mesmo período.
Para exportações, os desafios também são evidentes. O transporte Brasil-China apresentou média de US$ 2.328 no último trimestre, enquanto as exportações para os EUA registraram custos médios de US$ 6.956. Já a rota Brasil-Alemanha manteve-se estável, com média de US$ 2.373.
Produtos como veículos e eletrônicos enfrentaram atrasos na chegada ao Brasil, enquanto o setor agrícola teve dificuldades para escoar sua produção ao exterior.
Globalmente, o índice de frete de contêineres atingiu picos históricos em julho de 2024, quando valores chegaram a US$ 5.937 por contêiner de 40 pés, mais do triplo do registrado no final de 2023.
Com a estabilização da oferta de navios porta-contêineres e a queda na demanda global, espera-se uma redução gradativa nas tarifas. Contudo, tensões políticas e climáticas continuam sendo riscos iminentes.
A crise dos contêineres reflete a complexidade do comércio exterior atual. Empresas e governos precisam adotar medidas colaborativas e de longo prazo para superar os desafios e fortalecer a resiliência logística.