Quem é a Alemanha perante o comércio exterior Brasileiro?

Iniciamos uma nova série de textos com o objetivo de conhecermos outros países e sua relação com o comércio exterior brasileiro.

Começaremos falando dela, a 3º maior economia mundial, considerada por muitos a principal responsável pela relevância atual da União Europeia.

Nação de povo reservado, mas que não poupa o uso de consoantes no idioma materno. Famosa de fato pela Oktoberfest, pelas cervejas, pretzels, linguiças, chucrute e outros pratos que causam sono em demasia.

Grande compradora de café, cobre, motores de pistão e celulose do Brasil. E, mesmo sendo a 3ª maior fornecedora do Brasil, não lembrou disso na Copa do Mundo de 2014 — sim, amigas e amigos, hoje falaremos da Alemanha!

Geografia e demografia da Alemanha

  • Área total: 357.022km²
  • População: 82,9 milhões
  • Densidade: 230 hab/km²
  • IDH: 0,939 (Quanto mais perto 1, de melhor).

Localizada no centro do continente Europeu, banhada pelo Mar do Norte e Oceano Báltico, sua grande área faz fronteira com 9 países: Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França, Suíça, Áustria, Tchéquia, Polônia e Dinamarca.

Ocupa o posto de maior população da Europa, ostenta o 4º maior IDH do mundo e a 22ª colocação no Índice Global de Paz, embora seja previsto declínio no número de habitantes até 2024.

Uma vez que a Alemanha se submete ao sistema de Governo Parlamentarista, o presidente tem um papel mais simbólico e quem move mesmo o país, politicamente, é a Chanceler.

Angela Merkel, do partido União Democrata-Cristã (Centro-Direita), ocupa o cargo desde 2005 e, mesmo depois de tanto tempo e governando durante a pandemia, a satisfação de seu governo é superior a 70%, foi considerada pela Forbes a quarta pessoa mais poderosa do mundo.

Dados econômicos

  • Moeda: Euro
  • *PIB: US$4,4 Trilhões
  • *Desemprego: 3,4%
  • *Inflação: 1,9%
  • *Dívida pública: 59,8% do PIB

*2019 – Heritage.org

Chegar na casa dos trilhões é, de fato, para poucos: a posição de 4ª maior economia representa 4,6% da economia global.

Sem dúvida que tal posição não foi conquistada de uma hora para outra. Em 30 anos de PIB, o país manteve um estável crescimento e resiliência para continuar no mesmo ritmo após a crise imobiliária de 2008 (que representou a única forte queda no período).

Vimos que o território e a população alemã não são pequenos, no entanto não chegam perto da Rússia ou Índia respectivamente.

O que destaca a Alemanha é a seu nível de Liberdade Econômica: que possui uma pontuação de 73,5 (acima da média mundial — que representa 61,6 — e da regional, no caso, da Europa — que é de 69,8) e sua competitividade global.

Isto é, não apenas encontra-se bastante à frente da média mundial, ocupando “apenas” a 27ª posição, é importante ressaltar que os primeiros colocados são países menores em território e população, como Singapura, Nova Zelândia e Hong Kong.

De acordo com o relatório, apesar do sistema legal, tributário e contábil ainda serem complexos, eles compensam na transparência.

O direito à propriedade por estrangeiros é protegido por lei, o sistema judiciário é independente e competente e raros são os casos de corrupção, e quando ocorrem são devidamente julgados e punidos.

Outros pontos que favorecem o desenvolvimento da liberdade econômica são a saúde fiscal e a liberdade para negócios, comércio e investimento.

Em contraste com o excessivo gasto governamental e alto custo na legislação trabalhista, que ancoram a evolução. 

A Alemanha no comércio internacional

A Alemanha é membro de todos os organismos internacionais tradicionais, desde a ONU (1973), o FMI (1952) e a OMC (1995), até também os mais seletivos, como a OCDE (1961) e o G7. 

É também importante membro da OTAN desde 1955 (apenas o lado ocidental), em virtude de possuírem o quarto maior poder militar do mundo.

Importante lembrar que China e Estados Unidos nos ensinam que é possível guerrear sem armas. 

Exportações e importações

A enorme participação alemã no comércio exterior é inegável, 87,2% do PIB é oriundo de importações e exportações, com efeito de classificá-los em 2018, como a 3ª maior participante do comércio mundial de produtos.

Por consequência, a logística de carga também se destaca: o porto de Hamburgo foi o 19º maior em movimentação e o aeroporto de Frankfurt o 11º.

E não é uma questão de volume: suas exportações constam primordialmente produtos de alto valor agregado.

Top 10 principais produtos exportados pela Alemanha em 2019:

  1. Macjinery including computers: US$ 260.7 billion (17.5% of total exports)
  2. Vehicles: $ 243.7 billion (16.4%)
  3. Electrical machinery, equipment: $ 158.7 billion (10.7%)
  4. Pharmaceuticals: $ 90.4 billion (6.1%)
  5. Optical, technical, medical apparatus: $ 79.3 billion (5.3%)
  6. Plastics, plastic articles: $ 63.2 billion (4.3%)
  7. Aircraft, spacecraft: $ 42.3 billion (2.8%)
  8. Mineral fuels including oil: $ 34.2 billion (2.3%)
  9. Articles of iron or steel: $ 31.3 billion (2.1%)
  10. Other chemical goods: $ 26.3 billion (1.8%).

Além disso, é impressionante quão diversificada é a carteira de países para os quais a Alemanha exporta (o mesmo ocorre na importação).

PaísRepresentatividade das exportações alemãs
EUA8,8%
França8,2%
China6,8%
Países Baixos6,7%
Reino Unido6,6%
Itália5,1%
Áustria4,9%
Polônia4,7%
Suíça4,2%
Principais parceiros de exportação da Alemanha em 2017

Note que nenhum deles possui participação superior a 9%.

Essa diversificação garante segurança econômica, desse modo, caso um país parceiro passe por dificuldades, é mais fácil para ela negociar com outros países.

Essa é uma das qualidades que garante a 7ª colocação no Ranking de Competitividade Global.

A nota 100 refere-se a estabilidade Macroeconômico, de acordo com tudo que já visualizamos. O que a Alemanha precisa melhorar (comparado, a si mesma) em primeiro lugar é, na adoção de tecnologias de informação e comunicação (70) e em segundo, no desenvolvimento de seu Mercado de Produto (68).

A título de curiosidade, o pilar do Brasil com nota mais alta é 79 e mais baixo, 46.

O comércio exterior brasileiro com a Alemanha

Comexvis
Comexvis

Por certo que o 3º maior mercado mundial é um importante parceiro comercial nosso, mas estamos perdendo mercado.

Temos perdido espaço nas exportações desde 2011, mesmo apesar de nossa moeda desvalorizar nos anos seguintes.

O mesmo ocorre na importação: importar produtos de valor agregado representam investimento, novos negócios e aumento da empregabilidade.

Se desejamos que o acordo Mercosul x União Europeia saia do papel, precisamos negociar forte com o seu principal membro.

De maneira idêntica ocorre com os produtos brasileiros de maior participação no mercado Alemão: eles estão em queda desde 2015, conforme dados da APEX.

Produtos brasileiros com maior participação no mercado da Alemanha, 2015 a 2018 - APEX
Produtos brasileiros com maior participação no mercado da Alemanha, 2015 a 2018 – APEX

Apesar deste declínio, a recuperação é possível. Afinal, exportamos os mais variados produtos, predominamos da indústria da transformação – que tem maior valor agregado – portanto, é possível desenvolver em diversos mercados.

Ao menos para primeiramente, termos saldo positivo nas exportações e importações.