O histórico acordo de livre comércio anunciado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) na sexta-feira (6) deve aumentar o fluxo de comércio entre o Brasil e o bloco econômico europeu em R$ 94,2 bilhões anuais até 2044, o que representaria um impacto de 5,1% no patamar atual.
O valor é uma estimativa do governo brasileiro ao fim do processo de redução das tarifas de importação, que será gradual ao longo dos próximos 20 anos.
O montante resulta de um prognóstico de aumento de R$ 42,1 bilhões em importações da UE e um crescimento de R$ 52,1 bilhões nas exportações brasileiras para o bloco.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, projeta-se até 2044 um impacto de R$ 37 bilhões anuais, cerca de 0,34% da atual atividade econômica brasileira.
As estimativas apontam ainda para um aumento de R$ 13 bilhões em investimentos no Brasil, crescimento de 0,76%, uma redução de 0,56% nos preços ao consumidor e aumento de 0,42% nos salários reais.
Considerando todo o mercado do bloco, a UE é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
De acordo com dados da Logcomex, entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras para países do bloco econômico somaram US$ 45 bilhões (FOB). Já as importações totalizaram US$ 43,5 bilhões, resultando em um superávit comercial de US$ 1,5 bilhão e uma corrente comercial de US$ 88,5 bilhões.
Nos 11 primeiros meses de 2024, os principais produtos exportados pelo Brasil para a UE, em valor total (FOB), foram:
- Óleos brutos de petróleo (NCM 2709.00.10) - US$ 10,5 bi (FOB);
- Café não torrado, não descafeinado, em grão (NCM 0901.11.10) - US$ 5,2 bi (FOB);
- Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura (NCM 1201.90.00) - US$ 2,9 bi (FOB);
- Bagaços e outros resíduos sólidos, da extração do óleo de soja (NCM 2304.00.90) - US$ 2,6 bi (FOB);
- Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas (NCM 4703.29.00) - US$ 2,2 bi (FOB).
Já os produtos mais importados da UE pelo Brasil, no mesmo período, foram:
- Outros produtos imunológicos, apresentados em doses ou acondicionados para venda a retalho (NCM 3002.15.90) - US$ 1,7 bi (FOB);
- Partes de turborreatores ou de turbopropulsores (NCM 8411.91.00) - US$ 868,9 mi (FOB);
- Outras gasolinas, exceto para aviação (NCM 2710.12.59) - US$ 752,9 mi (FOB);
- Medicamentos com outros hormônios polipeptídicos, etc, em doses (NCM 3004.39.29) - US$ 728,2 mi (FOB);
- Outros medicamentos contendo compostos heterocíclicos heteroátomos nitrogenados, em doses (NCM 3004.90.69) - US$ 579,6 mi (FOB).
Depois de mais de 20 anos de discussões entre as partes, a conclusão das negociações do acordo comercial entre Mercosul e UE foi anunciada na sexta-feira passada na 65ª Reunião de Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.
Em seus termos, o acordo prevê a redução de tarifas de importação, que pode ser imediata ou gradual (em até 15 anos), a depender dos setores.
A liberação vai atingir 91% dos bens que o Brasil importa da União Europeia e, do outro lado, 95% dos bens que o bloco europeu importa do Brasil.