Alta na importação de fertilizantes e a oportunidade da Petrobras

Nos últimos meses, a importação de fertilizantes pelo Brasil atingiu níveis recordes, registrando 4,94 milhões de toneladas em agosto de 2024. Esse aumento constante reflete a forte dependência do país em insumos estrangeiros, essencial para sustentar sua vasta produção agrícola. No entanto, esse cenário pode sofrer alterações nos próximos anos. 

A Petrobras está avaliando um investimento de US$ 800 milhões para retomar sua produção de fertilizantes nitrogenados, paralisada desde 2018. A proposta, que inclui a construção de uma nova planta no Sergipe, busca reduzir a dependência externa e atender à crescente demanda interna.

Nos últimos anos, a alta demanda por fertilizantes, somada a desafios no fornecimento global, evidenciou a vulnerabilidade do Brasil em relação à importação desses produtos. 

Em 2023 e 2024, o conflito entre Rússia e Ucrânia impactou a oferta global, uma vez que esses países são grandes produtores de fertilizantes. Para o Brasil, que importa mais de 80% do fertilizante que consome, essa situação gera pressões significativas sobre o agronegócio, impulsionando a necessidade de soluções nacionais.

Segundo dados obtidos pela Logcomex, ao longo de todo o ano de 2024, o Brasil importou o equivalente a US$ 20,95 bilhões em fertilizantes. Este valor é uma redução de 9,3% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Sob a ótica do peso líquido, o montante de fertilizante importado foi de 34 milhões de toneladas, um aumento de 10% em comparação a 2023. A principal origem do produto importado é a China, com US$ 4,10 bilhões, seguida por Estados Unidos (US$ 3,71 bilhões) e Rússia (US$ 1,99 bilhões).

Ainda de acordo com a Logcomex, os estados brasileiros que mais importaram fertilizantes de Janeiro a Julho de 2024 foram: São Paulo (US$ 6,37 bilhões), Santa Catarina (US$ 2,85 bilhões) e Paraná (US$ 2,11 bilhões). 

Dentre os 3 primeiros estados, o único que importou mais fertilizantes de 2023 para 2024 foi Santa Catarina, com um aumento de 10%, ao passo que SP e PR diminuíram 13% e 9%, respectivamente.

A estratégia da Petrobras de reiniciar a produção de fertilizantes visa não apenas fortalecer a segurança alimentar do Brasil, mas também capitalizar a alta demanda por insumos agrícolas. Essa retomada será estratégica para estabilizar preços e garantir um fornecimento regular ao mercado. 

A possível nova planta da Petrobras pode ser uma peça-chave na transformação do Brasil de importador a autossuficiente, principalmente em tempos de volatilidade no mercado internacional.