Após 4 anos de alta, valor de exportações do agro pode recuar em 2024

Depois de quatro anos consecutivos de recorde, o faturamento em dólar com exportações brasileiras de produtos do agronegócio em 2024 pode ficar abaixo do observado no ano passado se mantiver a tendência observada até agora.

O cenário está atrelado à queda no preço médio dos produtos do setor na moeda americana, tendo em vista que o volume escoado mantém crescimento, destaca relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).

Um dos fatores que contribuíram para esse quadro foi a desvalorização do real frente ao dólar, que nesta quinta-feira (28) chegou a bater a máxima histórica de R$ 6 durante o dia.

Apesar de impactar negativamente no saldo comercial do país, a disparada no câmbio, por outro lado, favorece quem exporta, tanto por tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional quanto por elevar o faturamento das vendas em reais.

Mas os pesquisadores do Cepea ressaltam também que a quantidade de produtos do agro exportadoras cresceu pouco, apenas 0,3%, em razão da redução da colheita de soja na safra 2023/2024 e dos menores embarques de milho. Ao mesmo tempo, os preços médios das commodities, em dólar, caíram 1%.

A análise levou em consideração o período entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Outros produtos, no entanto, tiveram altas bastante expressivas de volume destinado ao exterior no recorte analisado. Entre os destaques estão o algodão em pluma (+134%), o café (+42%), o açúcar (+32%) e a carne bovina (+28%).

Dados da Logcomex mostram que, entre janeiro e outubro de 2024, as exportações brasileiras da agropecuária (Seção ISIC A) somaram US$ 64 bilhões (FOB), uma queda de 8,9% em relação ao mesmo período de 2023 (US$ 70,3 bilhões).

Considerando o peso líquido total das remessas do agronegócio ao exterior, no entanto, a queda no período foi inferior, de 5,7% (143,5 milhões de toneladas em 2023 e 135,3 milhões de toneladas em 2024), confirmando a desvalorização dos produtos brasileiros exportados em dólar.