A demanda comercial na China tem passado por transformações, com os consumidores chineses cada vez mais priorizando marcas locais em detrimento de marcas globais. Esse movimento reflete tanto mudanças culturais quanto econômicas, e está fortemente relacionado às medidas adotadas pelo governo chinês.
Nos últimos anos, o fenômeno do "guochao" — o orgulho de consumir produtos nacionais — ganhou força. Consumidores chineses têm buscado cada vez mais produtos que se alinhem com suas identidades culturais e ofereçam valor agregado em termos de qualidade e serviço pós-venda.
Entre 2011 e 2020, a preferência por marcas locais cresceu de 15% para 85%, impulsionada por um sentimento de identidade e pertencimento, além de uma desconfiança crescente em relação às marcas estrangeiras.
Essa tendência não é apenas um reflexo de mudanças nos padrões de consumo, mas também um resultado das políticas do governo chinês. O governo tem incentivado fortemente a inovação local e oferecido suporte às marcas nacionais por meio de políticas fiscais, subsídios e outras formas de incentivo.
Isso faz parte de um esforço mais amplo para fortalecer a economia doméstica, especialmente em um contexto de tensões comerciais e incertezas globais.
Além disso, a economia chinesa tem enfrentado desafios com a baixa demanda interna, o que levou o governo a adotar medidas como cortes nas taxas de juros e estímulos econômicos para tentar revitalizar o consumo.
No entanto, essas políticas ainda não conseguiram reverter completamente a tendência de desaceleração, e novos empréstimos bancários caíram drasticamente em julho de 2023.
O cenário atual na China mostra uma mudança clara na dinâmica de mercado, onde marcas locais estão ganhando terreno sobre as globais, impulsionadas por um consumidor mais exigente e um governo que apoia a autossuficiência econômica. A resposta das marcas globais a essa mudança determinará seu futuro no mercado chinês.