O agronegócio brasileiro, reconhecido por sua robustez e capacidade de alimentar milhões, enfrenta um desafio significativo: a dependência de fertilizantes importados. Essa realidade impacta diretamente a produtividade e a competitividade do setor.
Dados recentes destacam essa dependência. Entre 1º e 17 de março de 2025, foram agendadas importações de 4,348 milhões de toneladas de fertilizantes. O Porto de Paranaguá (PR) lidera as operações, com 1,239 milhão de toneladas, seguido pelo Porto de Santos (SP), com 764,2 mil toneladas.
Em 2024, as entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro totalizaram 45,61 milhões de toneladas, uma leve redução de 0,5% em relação a 2023. Apesar disso, as importações de fertilizantes intermediários atingiram um recorde de 41,35 milhões de toneladas, um aumento de 4,8% em comparação ao ano anterior.
O Brasil depende majoritariamente de países como Estados Unidos, China e Rússia, segundo a Logcomex, para suprir sua demanda por fertilizantes. Os 3 países, respectivamente, são responsáveis por 29%, 21% e 8% de todos os produtos químicos importados no ano de 2025.
A dependência de fertilizantes importados tem consequências diretas no agronegócio. A volatilidade dos preços e a incerteza no fornecimento podem comprometer a produtividade de culturas essenciais como soja, milho e café. Além disso, a alta nos custos de produção pode reduzir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Paradoxalmente, o Brasil possui reservas significativas de fosfato e potássio, matérias-primas essenciais para a produção de fertilizantes. Um exemplo é a mina de Itataia, localizada em Santa Quitéria, Ceará, com reservas estimadas em 8,9 milhões de toneladas. Entretanto, fatores como oposição de ONGs ambientalistas e questões regulatórias têm impedido a exploração dessas reservas, perpetuando a dependência externa.
Para mitigar essa dependência, é crucial investir na produção nacional de fertilizantes. O Plano Nacional de Fertilizantes 2050 propõe diretrizes para aumentar a produção interna e incentivar o uso de tecnologias que promovam a eficiência no uso desses insumos. Além disso, a adoção de inovações tecnológicas, como o desenvolvimento de nano fertilizantes e insumos biológicos, pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a dependência externa.