A agricultura é um dos pilares da economia do Brasil, mas em 2024 enfrenta desafios devido à redução nas importações de fertilizantes. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informa que as entregas internas de fertilizantes totalizaram 3,01 milhões de toneladas em maio de 2024, uma queda de 13,4% em comparação com 2023. As importações também caíram 11,6% em maio do ano passado, atingindo 2,52 milhões de toneladas.
De acordo com dados da Logcomex, é possível constatar uma queda de 33% no valor total FOB no primeiro semestre, passando de $628.588.039 em 2023 para $418.858.803 em 2024. Essa queda reflete o impacto de diversos fatores, incluindo a falta de uma política nacional robusta para o setor de fertilizantes e a dependência crescente das importações nos últimos anos.
Dependência de importações da China
A China é o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil, representando 52% das importações totais em 2024. Essa dependência do mercado chinês torna o Brasil vulnerável a mudanças nas relações comerciais e políticas econômicas da China. Outros fornecedores importantes incluem Rússia (17%), Canadá (9%) e Estados Unidos (7%).
Essa situação reflete um panorama mais amplo, onde mais de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados. Tal dependência evidencia um nível elevado de vulnerabilidade a oscilações do mercado internacional de fertilizantes e impactos nas exportações do agronegócio brasileiro.
Impacto nos produtos importados
Os produtos como Sulfato de Amônio e Nitrato de Amônio sofreram quedas de 33% e 32% no valor FOB, respectivamente. Essa diminuição reflete uma queda de 8% na quantidade líquida de fertilizantes importados, agravando a incerteza para os produtores brasileiros.
Sulfato de Amônio (NCM 31022100):
- Valor FOB em 2024: $224,582,174
- Queda no valor FOB em relação a 2023: 33%
Nitrato de Amônio (NCM 31023000):
- Valor FOB em 2024: $73,539,397
- Queda no valor FOB em relação a 2023: 32%
A desaceleração nas entregas de fertilizantes é influenciada pela queda nos preços dos grãos e pela valorização do dólar, que tornaram a relação de troca por adubos menos vantajosa para os produtores.
Recentemente, na Bolsa de Chicago, os preços da soja, por exemplo, caíram 2,44%, fechando a US$ 10,78 por bushel para contratos de agosto. O milho registrou uma queda de 0,78%, sendo cotado a US$ 4,4650 por bushel. Essa tendência afeta negativamente a demanda por fertilizantes, já que a rentabilidade das culturas diminui.
Fatores que influenciam a queda nas importações
Vários fatores contribuem para a desaceleração das entregas de fertilizantes. A cautela dos produtores agrícolas, devido à queda nos preços dos grãos, é um fator chave. Além disso, a valorização do dólar frente ao real torna as importações mais caras e menos vantajosas.
Além disso, a falta de infraestrutura logística adequada para suportar grandes volumes de importação é um desafio significativo. As limitações em portos e estradas impactam a eficiência na distribuição dos fertilizantes, que é um ponto crítico para o agronegócio brasileiro.
A dependência do Brasil do modal marítimo (99,43% em 2024) para o transporte de fertilizantes também é um ponto de vulnerabilidade. Qualquer interrupção neste canal logístico pode afetar negativamente a disponibilidade de insumos no mercado interno.
Como reduzir a dependência externa?
Incentivar a produção nacional de fertilizantes pode mitigar riscos e garantir maior estabilidade ao setor agrícola. O Plano Nacional de Fertilizantes 2050 propõe diretrizes para reduzir essa dependência, como o aumento da produção nacional e o investimento em tecnologias que promovam a eficiência no uso de fertilizantes.
Além disso, a introdução de inovações tecnológicas, como o desenvolvimento de nano fertilizantes e insumos biológicos, pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a produção interna e reduzir a dependência externa.