As importações de automóveis alcançaram, em janeiro de 2025, a maior participação no mercado brasileiro do setor desde março de 2012, segundo relatório da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
De acordo com levantamento da entidade, dos 171,2 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus licenciados no primeiro mês do ano 39,3 mil, ou 23%, foram produzidos em outros países, incluídos aqueles com os quais o Brasil mantém ou não acordo comercial bilateral.
Enquanto as vendas domésticas subiram 6% na comparação de janeiro de 2024 com janeiro de 2025, as importações avançaram 24,8%. Aproximadamente metade do volume, ou 19,4 mil veículos, veio da Argentina e cerca de um quarto, 10,4 mil unidades, da China.
No caso da Argentina, no entanto, há um equilíbrio nas trocas comerciais. Em janeiro, o Brasil exportou igualmente 19,4 mil veículos para o país vizinho.
Já a crescente entrada de veículos chineses, em sua grande maioria híbridos ou elétricos, preocupa as montadoras nacionais, por desequilibrar a balança comercial do setor.
No ano de 2024, a entrada de híbridos e elétricos somou um valor total (FOB) de US$ 4,5 bilhões, o que representa uma alta de 85,2% em relação ao ano anterior, mostram dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex. Considerando os modelos puramente elétricos, o avanço chegou a 107,7% na mesma comparação.
Nessas categorias, automóveis com origem na China representaram 67,9% das importações totais e um crescimento de 185% em relação a 2023.
No fim de 2023, de modo a proteger a indústria automotiva nacional, o governo anunciou a retomada e o aumento gradual do imposto de importação sobre automóveis híbridos e elétricos.
A partir de janeiro de 2024, passou a incidir alíquota de 10% sobre carros 100% elétricos, 12% sobre híbridos plug-in e 15% sobre os demais híbridos. A partir de julho, a tributação subiu para 18%, 20% e 25%, respectivamente.
Em julho de 2025, o imposto salta para 25%, 28% e 30%, e em julho de 2026 vai a 35% para as três categorias.
As fabricantes locais, no entanto, querem que o governo federal antecipe o aumento das alíquotas, além de um pacote de medidas para incentivar as exportações do setor.
Em outra frente, a Anfavea estuda apresentar ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) um pedido de antidumping contra montadoras chinesas.
Os principais alvos seriam a BYD e a GWM, que, enquanto preparam fábricas para produção local de seus modelos, desembarcam no Brasil milhares de unidades produzidas na China.