China abre investigação sobre importação de carne bovina

A China abriu uma investigação sobre a importação de carne bovina pelo país para fins de aplicação de salvaguardas, termo que indica medidas de proteção de setores estratégicos nacionais. A apuração abrange o período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de junho de 2024 e envolve todos os países exportadores, incluindo o Brasil.

A investigação, segundo o Ministério do Comércio da China, foi iniciada a partir de pedido da Associação de Agricultura Animal da China e de nove associações industriais das principais regiões produtoras do país, que alegam que o aumento das importações teria causado danos à produção local.

De acordo com os requerentes, o volume de importação do produto sob investigação aumentou bruscamente nos últimos cinco anos, com um crescimento de 106,28% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2019. O trabalho de investigação deve durar oito meses.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Segundo dados da Logcomex, entre janeiro e novembro de 2024 o país importou 1,2 milhão de toneladas do produto congelado (NCM 0202.30.00), uma alta de 12% em relação ao mesmo período de 2023.

Em termos de valor (FOB), o Brasil enviou o equivalente a US$ 5,4 bilhões em carne bovina para o mercado chinês, 4% a mais do que nos 11 meses de 2023.

Em resposta, o governo brasileiro divulgou nota em que afirma que, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China “não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementaridade da produção local chinesa”.

O texto diz ainda que, em princípio, os chineses não adotaram qualquer medida preliminar, permanecendo a tarifa vigente de 12% que a China aplica sobre as importações de carne bovina.

A nota é assinada conjuntamente pelos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e das Relações Exteriores (MRE).

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também se manifestou publicamente, afirmando que está “comprometida com a transparência e a cooperação”, fortalecendo cada vez mais a parceria com a China. A entidade afirma ainda estar pronta para apoiar o estudo, “enviando os dados necessários ao processo” e “trabalhando juntos por soluções que beneficiem ambos os países”.