China amplia influência global diante do protecionismo dos EUA

A crescente disputa comercial entre China e Estados Unidos se intensificou nos últimos anos, com Washington adotando medidas protecionistas para conter o avanço chinês.

No entanto, Pequim encontrou caminhos estratégicos para contornar essas barreiras e expandir sua presença global, especialmente por meio de uma ampla rede de portos ao redor do mundo.

A China tem utilizado sua vasta rede de portos internacionais para garantir vantagem competitiva sobre os EUA. Empresas estatais e privadas chinesas operam infraestrutura portuária em mais de 100 países, permitindo a Pequim controlar rotas comerciais essenciais e influenciar o fluxo de mercadorias globais. 

Esse movimento reduz a dependência da China de mercados específicos e fortalece sua posição em meio às sanções e restrições tarifárias impostas pelos americanos.

Os Estados Unidos, sob governos recentes, buscaram restringir a influência chinesa, elevando tarifas sobre produtos do país asiático e dificultando investimentos chineses em setores estratégicos. No entanto, essas medidas não frearam o avanço de Pequim. 

Pelo contrário, impulsionaram a China a buscar mercados alternativos e a consolidar sua presença em regiões como América Latina, África e Sudeste Asiático.

O Brasil tem um papel crucial nesse cenário. O país se vê cada vez mais no centro da disputa diplomática entre as duas potências. Por um lado, os Estados Unidos tentam reforçar laços econômicos e políticos para evitar um domínio chinês na região. Por outro lado, a China, principal parceira comercial do Brasil, fortalece investimentos em infraestrutura e tecnologia para consolidar sua posição como o maior destino das exportações brasileiras.

A crescente presença chinesa no setor portuário global também traz desafios estratégicos. Segundo dados da Logcomex, a balança comercial da relação Brasil e China em 2024, via portos, foi de um superávit de US$ 30,83 bilhões. 

Enquanto as exportações do Brasil para a China foram de US$ 94,4 bilhões – uma queda de 9,5% em relação a 2023 –, as importações foram de US$ 63,5 bilhões, o que significa um aumento de 19,6%. 

Embora seja uma oportunidade para países que recebem investimentos chineses, há preocupações quanto ao controle que Pequim pode exercer sobre cadeias de suprimentos críticas e o impacto de sua política externa agressiva.

Enquanto os EUA buscam conter o avanço chinês, a China segue ampliando sua influência de forma pragmática, utilizando infraestrutura, comércio e diplomacia para manter sua competitividade global. 

O Brasil, nesse contexto, precisará equilibrar sua posição para maximizar benefícios econômicos sem comprometer sua soberania estratégica.