China suspende importação de carne bovina do Brasil – impactos e números

A China suspendeu temporariamente as importações de carne bovina de seis frigoríficos do Brasil, Argentina e Uruguai. A medida, anunciada em 3 de março, foi justificada por "não conformidades" identificadas em auditorias remotas. No Brasil, três unidades foram impactadas e estão impedidas de embarcar produtos ao país asiático até que as correções sejam feitas.

A decisão ocorre no contexto de uma investigação chinesa sobre o aumento das importações de carne bovina. O país, maior consumidor e importador da proteína, enfrenta um cenário de excesso de oferta, o que levou os preços locais a níveis mínimos dos últimos anos.

As exportações brasileiras de carne bovina para a China sofreram uma queda em 2024. O Brasil exportou US$ 7,28 bilhões em produtos da categoria, representando uma redução de 12% em relação aos US$ 8,25 bilhões registrados no mesmo período de 2023. O volume embarcado também caiu 15%, de 2,25 milhões para 1,9 milhão de toneladas.

Apesar da retração geral, a exportação de carne bovina desossada e congelada (NCM 02023000) para a China cresceu 4%, totalizando US$ 5,97 bilhões em 2024. O volume exportado desse produto também aumentou 11%, chegando a 1,32 milhão de toneladas. 

Em contrapartida, os embarques de pedaços e miudezas de frango congelados caíram 51% em valor e 48% em volume, enquanto outras carnes suínas congeladas recuaram 47% em faturamento e 41% no volume embarcado.

Empresários do setor acreditam que a suspensão não está diretamente ligada à investigação de salvaguardas e destacam que questões regulatórias são comuns no comércio exterior. No entanto, reconhecem que ficar fora do mercado chinês, mesmo que temporariamente, pode impactar o faturamento.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) deve ir a Pequim nos próximos dias para acompanhar as negociações. O Ministério da Agricultura foi informado, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.