Os portos afetados, juntos, lidam com até metade de todo o volume de comércio norte-americano, e a paralisação interrompe imediatamente as operações de contêineres e embarques de automóveis.
A greve da categoria, a primeira desde 1977, ocorre depois do fracasso nas negociações entre o sindicato International Longshoremen’s Association (ILA) e a US Maritime Alliance (USMX). Segundo o JPMorgan Chase & Co., a perda econômica causada pela paralisação deve ficar entre US$ 3,8 bilhões e US$ 4,5 bilhões por dia.
Desde que teve início o impasse entre o sindicato e as empresas, em junho, varejistas vinham acelerando importações de fim de ano ou transferindo remessas para a Costa Oeste dos Estados Unidos para mitigar o problema.
A analista Grace Zwemmer, da Oxford Economics, estima que congestionamentos no transporte marítimo resultantes de uma greve de uma semana levariam cerca de um mês para serem resolvidos.
Rick Cotton, diretor executivo da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, informou à Reuters que há cerca de 100 mil contêineres esperando para serem descarregados somente nos portos da cidade de Nova York, e 35 navios porta-contêineres com destino a Nova York na próxima semana.
O aumento de custos ou a inviabilidade logística impedem que diversos tipos de mercadorias cheguem aos Estados Unidos por via aérea ou por entradas marítimas alternativas.
Assim, a depender da duração da greve, há risco de aumento de preços ou até de escassez de produtos como chocolate, álcool, frutas como bananas e cerejas, e até mesmo certos modelos de veículos.
Greve ameaça operações do Brasil
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Entre janeiro e agosto de 2024, foram US$ 26,2 bilhões (FOB) em cargas brasileiras exportadas para os americanos e US$ 26,9 bilhões em importações.
Os números representam alta de 10,9% nas exportações e de 2,5% nas importações, em relação ao mesmo período de 2023.
As cargas marítimas brasileiras exportadas para os Estados Unidos entram principalmente pelos portos da Costa Leste, que também são os mais utilizados nas remessas norte-americanas para o Brasil. Isso significa que uma paralisação duradoura pode afetar diretamente a corrente de comércio entre os dois países.
Produtos exportados
Os principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos por via marítima são:
- Óleos brutos de petróleo (NCM 2709.00.10)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 4,07 bilhões - Outros produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, de seção transversal retangular, que contenham, em peso, menos de 0,25 % de carbono (NCM 7207.12.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 2,1 bilhões - Café não torrado, não descafeinado, em grão (NCM 0901.11.10)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,04 bilhões - Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas (NCM 4703.29.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,02 bilhões - Ferro fundido bruto não ligado, que contenha, em peso, 0,5 % ou menos de fósforo (NCM 7201.10.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 896 milhões - Outras gasolinas, exceto para aviação (NCM 2710.12.59)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 750 milhões - Produtos semimanufaturados, de outras ligas de aços (NCM 7224.90.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 607 milhões - Carnes desossadas de bovino, congeladas (NCM 0202.30.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 434 milhões - Suco (sumo) de laranja, não fermentados, sem adição de álcool, com ou sem adição de açúcar ou de outros edulcorantes, não congelado, com valor Brix não superior a 20 (NCM 2009.12.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 389 milhões - Outros bulldozers e angledozers, de lagartas (NCM 8429.11.90)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 372 milhões
Produtos importados
Já os principais produtos importados dos Estados Unidos pelo Brasil por via marítima são:
- Naftas para petroquímica (NCM 2710.12.41)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,09 bilhões - Gás natural liquefeito (2711.11.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,08 bilhões - Hulha betuminosa, não aglomerada (2701.12.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,03 bilhões - Óleos brutos de petróleo (2709.00.10)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 1,01 bilhões - Gasóleo (óleo diesel) (NCM 2710.19.21)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 534 milhões - Copolímeros de etileno e alfa-olefina, de densidade inferior a 0,94 (NCM 3901.40.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 400 milhões - Óleos lubrificantes sem aditivos (NCM 2710.19.31)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 398 milhões - Outros polietilenos sem carga, densidade >= 0.94, em formas primárias (NCM 3901.20.29)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 352 milhões - Outros propanos liquefeitos (NCM 2711.12.90)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 337 milhões - Hidróxido de sódio (soda cáustica), em solução aquosa (lixívia de soda cáustica) (NCM 2815.12.00)
Valor (FOB) entre jan-ago/24: US$ 306 milhões
Estados exportadores
Nos primeiros oito meses do ano, os estados brasileiros que mais exportaram para os Estados Unidos foram:
- São Paulo: US$ 6,2 bilhões
- Rio de Janeiro: US$ 4,6 bilhões
- Minas Gerais: US$ 2,4 bilhões
- Espírito Santo: US$ 2,06 milhõesSanta Catarina: US$ 1,1 bilhões
Estados importadores
Já os estados que mais importaram dos Estados Unidos entre janeiro e agosto de 2024 foram:
- São Paulo: US$ 5,07 bilhões
- Bahia: US$ 1,9 bilhões
- Rio de Janeiro: US$ 1,4 bilhões
- Santa Catarina: US$ 1,3 bilhões
- Minas Gerais: US$ 862 milhões
Portos de saída
No mesmo período, os principais portos de saída de cargas brasileiras para os Estados Unidos foram:
- Porto de Santos: US$ 8,02 bilhões
- Porto de Itaguaí: US$ 2,5 bilhões
- Porto do Rio de Janeiro: US$ 2,05 bilhões
- Porto de Vitória: US$ 2 bilhões
- IRF Campos dos Goytacazes: US$ 1,3 bilhões
Portos de entrada
Já os principais portos de entrada de produtos norte-americanos no Brasil foram:- Porto de Santos: US$ 6,3 bilhões
- Alfândega de Salvador: US$ 1,8 bilhões
- Porto do Rio de Janeiro: US$ 1,09 bilhões
- IRF Porto de Suape: US$ 798 milhões
- Porto de Paranaguá: US$ 751 milhões