Com uma concorrência crescente de países asiáticos, as exportações brasileiras de calçados tiveram queda de 20,7% em número de pares, no acumulado de janeiro a outubro de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Ao todo, foram exportados 81,2 milhões de pares no período. Por outro lado, as importações cresceram 20,9%, somando 29,8 milhões de pares nos dez primeiros meses do ano. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Em termos de valores, segundo números consolidados pela Logcomex, as exportações brasileiras de produtos do setor (SH2 64) alcançaram US$ 906,5 milhões (FOB) no mesmo período, uma retração de 16,6%.
Os dados levam o setor para o segundo ano consecutivo de perda nas vendas para o exterior. Em 2023, também considerando o intervalo de janeiro a outubro, o valor total das exportações foi de US$ 1,1 bilhão (FOB), 12,4% a menos do que em 2022 (US$ 1,2 bilhão).
O valor total das importações de calçados, por sua vez, avançou 5,2% nos dez primeiros meses do ano, o que indica ainda uma redução no preço médio do produto importado.
A associação do setor considera a tendência resultado de uma concorrência desleal imposta por calçados fabricados em países asiáticos e comercializadas por plataformas eletrônicas.
“Em 2024, devemos encerrar com uma queda de cerca de 20% nas exportações e crescimento de mais de 20% nas importações de calçados, puxada pelos países asiáticos”, disse o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, em evento do setor.
“São produtos que chegam ao mercado brasileiro com preços abaixo dos praticados no mercado e que concorrem de forma predatória com a nossa indústria”, prosseguiu.
Do valor total de calçados importados pelo Brasil entre janeiro e outubro, segundo dados da Logcomex, 44% referem-se a produtos que vieram do Vietnã, 21% da Indonésia e 14% da China.
Atualmente vigora no Brasil uma medida antidumping contra os calçados chineses, sobre os quais pesa uma tarifa de importação equivalente a US$ 10,22 por par. A Abicalçados defende que o mecanismo inclua a produção vietnamita e indonésio.
“Hoje, a produção chinesa está migrando para países próximos com custos ainda menores de mão de obra, que seguem praticando dumping”, disse Ferreira.
O setor, por outro lado, considera que o consumo interno deve garantir o crescimento da atividade para 2024, projetado acima de 3%, e para 2025, quando se espera cerca de 2% de alta nas vendas.