A Copa do Mundo 2022 está chegando! A partir do dia 20 de novembro, torcedores ansiosos de 32 países do mundo todo finalmente vão ver suas seleções entrarem em campo.
Afinal, mais do que uma paixão nacional, o futebol é querido nos 5 continentes do globo.
Como já disse em 2006 o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan:
“O futebol é o único jogo realmente global, praticado em todos os países, por todas as raças e religiões, é um dos poucos fenômenos tão universais quanto as Nações Unidas. Podemos dizer que é ainda mais universal. A FIFA tem 207 membros. Nós temos 191”.
Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU
Agora, se o futebol, sozinho, já tem essa importância, imagine seu campeonato internacional: a Copa do Mundo!
É por isso que não poderíamos deixar de falar dela e entender como a Copa do Mundo e o comércio global se relacionam.
Além disso, essa edição possui algumas particularidades interessantes.
Por exemplo, ela já pode ser considerada a mais cara da história, tendo movimentado nada menos de US$ 220 bilhões. Isso representa 15 vezes mais do que o foi gasto no Brasil em 2018!
Também é a primeira vez que ela acontece em novembro, em vez de ocorrer na metade do ano — como em todas as edições passadas.
Sem falar que o Catar é o primeiro país do Oriente Médio a sediar o evento.
Copa do Catar
Primeiro país do Oriente Médio a sediar a Copa do Mundo, o Catar precisou fazer grandes reformas estruturais para o evento.
Como esta edição da Copa do Mundo é em um país com um clima seco e extremamente quente, o evento será um pouco diferente.
Pela primeira vez na história a competição terá início em novembro, em vez de ocorrer no meio do ano — como nas 21 edições anteriores.
E, mesmo com essa mudança, a maioria dos estádios do Catar vai precisar recorrer a seus novos sistemas de climatização, ares condicionados dentro de campo e nas arquibancadas.
Este é, inclusive, o grande motivo dos gigantescos investimentos feitos pelo país nos sistemas de climatização durante os anos de reforma antecedentes à copa.
Além disso, foram feitos investimentos públicos consideráveis no setor de transporte nas estradas, bem como em hotéis e aeroportos. Tudo isso para suprir as demandas do torneio e impulsionar o turismo da região.
Com isso, oportunidades de negócio foram criadas em vários setores da economia do Catar. Que inclui desde as grandes empresas até os supermercados regionais, que precisam atender a maiores demandas de compras.
Começando pelo setor de infraestrutura — visto que as empresas de construção civil são as primeiras beneficiadas.
Na sequência, vêm os setores de turismo e hotelaria — que precisam suprir um alto volume de compras.
Apesar de, atualmente, o Catar estar entre as maiores economias do mundo, não foi sempre assim.
O país só passou a ser considerado uma grande potência econômica quando iniciou a exploração do petróleo.
Hoje, a exportação de petróleo e gás natural do país representa em torno de 50% de seu produto interno bruto (PIB).
Graças a isso, o Catar possui uma balança comercial favorável (exporta mais do que importa). Mantendo sua balança com um saldo positivo de US$ 30,7 bilhões.
Copa do Mundo e comércio global: como se relacionam?
Sendo um evento mundial, é evidente que a Copa do Mundo impacta o comércio global — além da economia do país onde ela ocorre.
Mesmo antes da abertura da Copa, podemos perceber a relação entre comércio global e o torneio mundial de futebol.
O motivo disso é que o país que sedia o torneio precisa fazer vários investimentos para suportar o evento.
O Catar, por exemplo, desembolsou US$ 220 bilhões com a Copa do Mundo — como comentamos no início do artigo.
E estes investimentos não são feitos à toa, já que geralmente trazem bons retornos. Entre eles, criação de empregos e aumento nas importações.
Afinal, é preciso suprir a demanda por insumos relacionados às melhorias estruturais necessárias. Bem como produtos para atender aos visitantes que participam do evento, como alimentos, por exemplo.
Falando em números, a edição anterior do torneio — por exemplo — rendeu à Rússia um valor de aproximadamente € 12,5 bilhões. O equivalente a quase 1% do PIB do país.
Já as projeções para a economia do Catar é que a Copa do Mundo e o comércio global movimentem cerca de US$ 17 bilhões. Cifra que será movida pelos mais de 1 milhão de torcedores que irão participar do evento.
Na economia brasileira, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o evento movimente R$ 20,3 bilhões. Um aumento de 7,9% em comparação ao ano em que o Brasil sediou o torneio.
Impacto direto no varejo
O maior impacto da Copa do Mundo no comércio global inegavelmente é no varejo. Principalmente devido às importações de produtos, como camisetas de seleção e demais mercadorias relacionadas.
Especialmente nesta edição, a proximidade da Copa com a Black Friday e o Natal vão aquecer o comércio.
Segundo a Pesquisa de Consumo do 2º semestre de 2022 da Globo, 56% dos consumidores vão comprar algum produto por conta da copa.
A pesquisa, realizada em maio, entrevistou 2.000 pessoas — sendo que a intenção de compra para a Copa do Mundo abrangeria principalmente:
- Roupas e acessórios – 20%
- Eletrônicos (TV, áudio e vídeo) – 15%
- Compras de supermercado – 14%
- Calçados – 12%
- Bebidas alcoólicas – 12%
- Artigos esportivos (camisa de seleções, bolas, tênis, etc) – 12%
- Smartphones – 11%
- Delivery de refeições – 11%
- Perfumes e cosméticos – 10%
- Artigos de decoração – 9%.
Ou seja, moda, eletrônicos, bebidas, artigos esportivos e outras categorias estão envolvidas na preparação para a Copa.
Ainda segundo o levantamento, dos consumidores que pretendem comprar algo devido à Copa do Mundo, 72% também pretende comprar na Black Friday.
Outro estudo, feito pela Toluna no início do ano, apontou que 47% das pessoas entrevistadas desejam comprar camisas e roupas da Seleção Brasileira.
Outros 60% comentaram ter intenção de comprar cervejas e a mesma porcentagem disse pretender ir ao mercado para comprar carnes para churrasco.
As porcentagens são mais baixas do que na última Copa, o que se deve principalmente pela crise e pela alta da inflação.
Porém, para o diretor executivo para o mercado esportivo da EY Brasil, Pedro Daniel:
“Partindo de um ponto de vista otimista, a expectativa é de que o maior controle inflacionário ao longo do ano permita que a demanda reprimida volte a consumir. Assim, pessoas que não tem gastado por conta da inflação poderiam gastar mais no momento da Copa”
Seleções da Copa: conheça as importações e exportações dos países de cada grupo
Agora que já vimos um panorama econômico do Catar, entendemos como a Copa do Mundo e o comércio global se relacionam e o impacto do evento no varejo, que tal dar uma olhada nas importações e exportações dos países de cada seleção?
As informações foram extraídas da nossa plataforma de data anlytics de importação e exportação. Confira os dados compilados nos infográficos abaixo:
Nas importações, EUA lidera o ranking em volume (com uma importação superior a 18 bilhões de kg) seguido pela Argentina (que importou um volume superior a 7 bilhões de kg) e da Alemanha (que apresentou um volume de importação de quase 2 bilhões de kg).
Já nas exportações, EUA também lidera o ranking dos países escalados para a Copa (com uma importação superior a 21 bilhões de kg), a Argentina se mantém na segunda posição (tendo exportado mais de US$ 10 bi).
Porém, o terceiro lugar fica com a Holanda, que ganha espaço especialmente com a exportação de óleos brutos de petróleo (com um volume de importação de quase 15 bilhões de kg).