O primeiro semestre de 2024 foi marcado por grandes desafios para o mercado químico brasileiro, refletindo um cenário de retração e incertezas que impactaram diretamente a performance do setor.
Com uma utilização da capacidade instalada em apenas 63%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o setor enfrentou uma das piores crises dos últimos anos.
Entre janeiro e junho de 2024, o setor químico brasileiro registrou uma queda significativa na produção, agravada por altos custos operacionais e dificuldades no acesso a insumos. As vendas também mostraram sinais de enfraquecimento, reflexo do cenário econômico desafiador. A baixa competitividade e a estagnação na inovação tecnológica também foram fatores que contribuíram para o desempenho insatisfatório.
Com a produção interna enfrentando dificuldades, a importação de produtos químicos emergiu como uma solução, mesmo diante da ameaça de aumento nas tarifas de importação.
Segundo uma carta enviada por federações de indústrias ao governo, existe uma forte pressão para elevação dessas tarifas, visando proteger a indústria nacional e evitar uma maior dependência do mercado externo. Contudo, para muitas empresas, a importação continua sendo a única alternativa para garantir o abastecimento de insumos essenciais.
Panorama do setor químico brasileiro no 1º semestre de 2024, segmentado por setores ISIC
- Produtos Químicos:
- Valor FOB: US$ 21,63 bilhões (-11%);
- Peso Líquido: 28 milhões de toneladas (+8%);
- Produtos derivados do Petróleo:
- Valor FOB: US$ 15,30 bilhões (-4,3%);
- Peso Líquido: 25,7 milhões de toneladas (-1,8%);
- Produtos Farmacêuticos:
- Valor FOB: US$ 6,68 bilhões (+2%);
- Peso Líquido: 59 mil toneladas (+10%);
- Produtos de Borracha e Plástico:
- Valor FOB: US$ 3,56 bilhões (+10%);
- Peso Líquido: 876 mil toneladas (+24%).
Fonte: Logcomex
Dentre os principais NCMs químicos importados, destaque para o Gás Natural Liquefeito (NCM 2711.11.00), que aumentou o Valor FOB em 364% no período e o peso líquido em 228%.
Isso demonstra uma janela de oportunidade para a importação deste item em um momento de busca por combustíveis alternativos ao petróleo. Os Estados Unidos despontam como principal origem de importação, com 84% do market share, com Catar (8%) e Reino Unido (3%) fechando o top 3.
Esse cenário cria um paradoxo: enquanto a importação é vital para a continuidade das operações no curto prazo, o possível aumento nas tarifas de importação pode agravar ainda mais a situação financeira das empresas do setor.
O governo, por sua vez, enfrenta o desafio de equilibrar a proteção da indústria nacional com a necessidade de não sobrecarregar ainda mais os custos das empresas que já estão sob forte pressão.
A expectativa para o segundo semestre é de que o mercado busque alternativas para recuperação do setor químico. A depender das decisões políticas e econômicas, como a possível elevação das tarifas de importação, o cenário pode se tornar ainda mais complexo.
Empresas estão se preparando para um semestre de ajustes e estratégias voltadas para a eficiência operacional e a busca por novas tecnologias para aumentar a competitividade.