O primeiro dos mais de 40 contêineres que afundaram no mar após caírem de um navio na costa de São Paulo, há mais de dois meses, foi içado na tarde desta quarta-feira (18) até uma balsa, a aproximadamente quatro quilômetros da orla de Santos. Dentro da caixa metálica resgatada, havia uma carga de mochilas.
Na madrugada de 11 de agosto, 46 contêineres foram lançados ao mar, depois que o navio Log In Pantanal foi atingido por ondas de até 4,5 metros.
A embarcação aguardava para realizar manobra de entrada no Porto de Santos. Mercadorias que ficaram espalhadas pela costa foram saqueadas após o ocorrido.
A operação de retirada das caixas metálicas do mar estava prevista para ser iniciada em 25 de setembro, mas a complexidade da operação e as condições climáticas forçaram as equipes a adiarem sucessivamente os trabalhos. Nesta quarta-feira, após outras tentativas frustradas, o primeiro contêiner foi retirado.
“Finalmente as equipes conseguiram içar o contêiner. Ele está destroçado e com as portas abertas. Parte da carga caiu no mar, mas foi recolhida por outras equipes da empresa”, informou a agente ambiental Ana Angélica Alabarce, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A operação para o içamento do primeiro contêiner foi iniciada pela manhã e concluída durante a tarde. Após ser retirado totalmente da água, ele foi colocado em uma balsa, onde também está instalado o guindaste utilizado para erguer todas as caixas metálicas que estão submersas na baía de Santos.
“Ele estava a uma profundidade de 20 metros e próximo ao Canal de Navegação do Porto de Santos, por isso foi o primeiro ser retirado. Ocorreu tudo em segurança, mas pelo estado do contêiner, verificamos os danos ocasionados no acidente”, explica a agente, que integra o grupo de emergências do órgão.
Em 12 de outubro, as equipes já haviam tentado içar o mesmo contêiner, mas as correntes que o prendiam ao guindaste estouraram. A operação foi adiada novamente, até que houvesse condições de tempo e de mar que pudessem ser seguras para o içamento e retirada de todos os materiais que afundaram após o sinistro.
Ao todo, oito mergulhadores se revezam a cada 45 minutos para fazer o jateamento da areia no entorno das caixas metálicas, que estão parcialmente enterradas.
Assim que liberadas, eles fixam os cabos utilizados para içar as peças à balsa. A operação somente pode ocorrer quando o mar está calmo, sem ondulações.
Na área, ao menos cinco contêineres foram localizados. Todos serão retirados. Segundo o Ibama, 42 caixas metálicas naufragaram na região da Baía de Santos, e pelo menos 30 já foram mapeadas pelas equipes.
A maioria não oferece riscos, pois está em grande profundidade e fora da área onde há navegação de barcos.
A queda dos 46 contêineres ocorreu na madrugada de uma sexta-feira, do navio Log In Pantanal, então no Fundeadouro 3 do Porto de Santos.
O mau tempo, segundo a empresa proprietária do navio, contribuiu para o ocorrido, que é alvo de uma investigação da Capitania dos Portos. Ao menos 38 caixas metálicas afundaram.
Por segurança, o canal de navegação, que serve de acesso ao cais santista, está sendo monitorado por equipamentos que identificam objetos submersos.
A via navegável teve que ser bloqueada por 24 horas, e a Marinha emitiu uma alerta aos navegantes por causa das caixas metálicas no mar.
Aparelhos de ar-condicionado, mochilas, material hospitalar, pneus, toalhas e tapetes estão entre as cargas armazenadas nos contêineres que caíram na água e apareceram flutuando na região. Alguns compartimentos se romperam e parte da carga se espalhou entre a barra de Santos e a região costeira.
Ao menos 11 pessoas foram detidas em flagrante por saquearem contêineres que boiavam na barra de Santos, após o ocorrido. Entre os produtos recuperados, estão eletrônicos, eletrodomésticos, pneus de bicicleta e peças de vestuário. As mercadorias foram apreendidas e as pessoas acabaram liberadas na delegacia.
Fonte: O Globo