EUA impõem tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio

O presidente dos Estados Unidos assinou nesta segunda-feira (10) medidas que elevam para 25% as tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio no país, em uma nova escalada protecionista que afeta diretamente o Brasil.

Ele também cancelou a isenção de cotas para grandes fornecedores, incluindo Brasil, Canadá e México, o que pode aumentar o risco de uma guerra comercial em outras frentes.

A indústria siderúrgica brasileira é a segunda principal fornecedora de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos, atrás apenas da canadense. Em 2024, de acordo com o Departamento de Comércio americano, o Canadá exportou 6 milhões de toneladas para os Estados Unidos.

O Brasil veio logo em seguida, com 4,1 milhões de toneladas. Na sequência, aparece o México, que enviou 3,2 milhões de toneladas de aço para os Estados Unidos no ano passado.

Para a indústria siderúrgica brasileira, os Estados Unidos são, de longe, o principal mercado de produtos semi-acabados de aço (SH4 7206 a 7229). Em 2024, as exportações brasileiras para o mercado americano somaram US$ 3,9 bilhões (FOB), segundo dados da plataforma NCM Intel, da Logcomex. O valor corresponde a 61,8% de todas as vendas brasileiras do setor.

Já entre as exportações brasileiras de alumínio e suas obras (SH2 76) os Estados Unidos foram o segundo principal país comprador no ano passado, com US$ 267,1 milhões em importações, atrás apenas do Japão (US$ 387,4 milhões). 

As compras americanas representaram uma fatia de 16,8% do total de vendas brasileiras de alumínio para o exterior (US$ 1,6 bilhão).

A elevação da tarifa nos Estados Unidos visa desestimular a compra dos produtos do exterior ao encarecer-los, incentivando a indústria local.

Ainda antes de a medida ser efetivada, o Brasil já anunciou que adotaria reciprocidade caso os Estados Unidos decidissem aumentar tarifas sobre produtos brasileiros.

O próprio Brasil também adota medidas protecionistas para o setor de aço, com alvo principalmente na produção chinesa. No ano passado, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação para 11 tipos de produtos de ferro e de aço a partir de determinada cota. Abaixo do limite de importação, os produtos pagam de 10,8% a 14% para entrarem no país.

No passado, os Estados Unidos já anunciou tarifas sobre importações de aço e alumínio, porém acabou recuando duas vezes do recolhimento do imposto sobre produtos brasileiros.

Em março de 2018, o governo americano anunciou as alíquotas de 25% sobre aço e de 10% o alumínio comprados pelos Estados Unidos de outros países. Dias depois, o presidente assinou novo decreto isentando Argentina, Austrália, Brasil, União Europeia e Coreia do Sul da nova regra. As taxas voltaram a 0,9%, para o aço e 2% para o alumínio.

Em dezembro de 2019, o presidente americano voltou a falar em aumentar tarifas para o aço e alumínio, tendo Brasil e Argentina como alvos principais. A declaração, porém, foi dada apenas por meio de suas redes sociais e nunca foi de fato implantada.