O governo dos Estados Unidos anunciou recentemente o adiamento por um mês da imposição de tarifas de 25% sobre veículos importados do México e Canadá, medida que inicialmente entraria em vigor em 4 de fevereiro de 2025. Essa decisão veio após negociações com líderes de grandes montadoras americanas, que alertaram sobre os potenciais impactos negativos dessas tarifas na indústria automotiva americana. Segundo o posicionamento destas, as tarifas são potencialmente "devastadoras" para as montadoras dos EUA, ressaltando que elas poderiam beneficiar concorrentes asiáticos e europeus que não estariam sujeitos às mesmas taxas.
Enquanto isso, no Brasil, a indústria automotiva enfrenta desafios decorrentes do aumento significativo na importação de veículos elétricos chineses. Em fevereiro de 2025, a montadora chinesa líder em veículos eletrificados importou 5.500 unidades, elevando o estoque de carros importados para mais de 40.000 veículos no país.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) expressou preocupação com essa situação, solicitando ao governo o aumento imediato da alíquota de importação para veículos elétricos para 35%, visando proteger a indústria nacional.
O Brasil tornou-se um mercado estratégico para as montadoras chinesas, especialmente após a implementação de medidas protecionistas por parte dos EUA e da União Europeia. Em 2024, o país liderou o ranking mundial em circulação de carros elétricos chineses, com 82% das unidades vendidas sendo de marcas chinesas.
A invasão de veículos elétricos chineses no mercado brasileiro tem gerado preocupações entre as montadoras locais, que temem perder participação de mercado e enfrentam dificuldades para competir com os preços mais baixos dos concorrentes asiáticos. Além disso, a falta de infraestrutura adequada para suportar a crescente frota de veículos elétricos é um desafio adicional para a indústria nacional.
No ano de 2024, segundo a Logcomex, o valor FOB de veículos elétricos (NCM 8703.80.00) e híbridos (NCM 8703.60.00) foi de US$ 3,60 bilhões, um aumento significativo de 101,3% em relação ao ano anterior. Deste total, 79% foi originário da China, devido a sua capacidade produtiva e baixo custo em comparação à demais países.
Por outro lado, na guerra das tarifas, o Brasil pode se valer de melhores oportunidades para a importação de carros elétricos e outros produtos que têm sido alvo de medidas protecionistas nos Estados Unidos e, por consequência, replicado em outros países.