Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nas exportações de dispositivos médicos, alcançando um faturamento de US$ 1,17 bilhão, o que representa um crescimento de 24,6% em relação a 2023. Esse desempenho destaca a crescente presença brasileira no mercado global de produtos para a saúde.
Entretanto, as importações também aumentaram, totalizando US$ 9,79 bilhões, resultando em um déficit na balança comercial do setor de US$ 8,62 bilhões. Esse cenário reflete a dependência brasileira de tecnologias e equipamentos médicos estrangeiros, apesar do avanço nas exportações.
O projeto Brazilian Health Devices (BHD), uma parceria entre a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), contribuiu com US$ 154,5 milhões em exportações, abrangendo 131 países. Os principais destinos foram Estados Unidos, Argentina, México, Chile e Colômbia. Notavelmente, mais de 81% das empresas participantes do BHD aumentaram seu volume de exportações em 2024.
Os produtos médico-hospitalares lideraram as exportações, representando 68,54% do total, com um valor de US$ 804,89 milhões e um crescimento de quase 32% em relação ao ano anterior. Outros segmentos também apresentaram crescimento: odontologia (US$ 135,97 milhões, +11,7%), produtos para laboratório (US$ 123,93 milhões, +15,10%) e reabilitação (US$ 109,48 milhões, +7,01%).
Segundo a Logcomex, os principais produtos exportados incluíram válvulas cardíacas, com um FOB de US$ 113 milhões, (+44% em relação a 2023), aparelhos ortopédicos , com um FOB de US$ 71 milhões (+14% em comparação a 2023), e aparelhos para odontologia, com FOB de US$ 42 milhões (+23% em relação a 2023). O market share dos produtos divide-se entre Estados Unidos, com 32% dos destinos, Holanda, com 11% e Suíça, com 5%.
Apesar do avanço nas exportações, o aumento das importações, especialmente de produtos para laboratório, que representaram mais da metade do volume total importado, contribuiu para o déficit comercial do setor. Os principais fornecedores para o Brasil foram Estados Unidos, Alemanha, China, Irlanda e Suíça, fornecendo itens como produtos imunológicos para uso laboratorial, instrumentos e aparelhos para medicina e cirurgia, reagentes de diagnóstico laboratorial e sondas e cateteres.
O coordenador de Acesso a Mercados da ABIMO, José Fernando Dantas, destacou que "o desempenho positivo nos mostra que o Brazilian Health Devices segue eficiente no seu objetivo de impulsionar a marca Brasil no mercado externo de dispositivos médicos". No entanto, o desafio permanece em equilibrar a balança comercial do setor, reduzindo a dependência de importações por meio do fortalecimento da indústria nacional.