China: como o excesso de oferta global de soja impacta o Brasil?

As exportações brasileiras de soja e óleo de soja enfrentam um cenário desafiador em 2024. Um dos principais eventos foi o aumento das importações de soja dos Estados Unidos pela China, que em julho de 2024 triplicou suas compras, atingindo 2,18 milhões de toneladas.

Mercado global de soja

Embora a China tenha intensificado as importações de soja americana, enquanto o país asiático enfrenta um excesso de oferta interna.

Esse acúmulo se deve à queda na demanda doméstica e ao aumento dos estoques, o que pressiona os preços e afeta as margens de lucro dos processadores chineses. 

Para o Brasil, essa situação cria uma competição ainda maior em termos de preço e qualidade no mercado chinês.

Exportações brasileiras de soja no 1º semestre de 2024

Segundo dados da Logcomex, as exportações brasileiras de soja (NCM 12019000) para a China alcançaram um valor FOB (Free on Board) de US$ 20,15 bilhões no primeiro semestre de 2024. 

Embora o volume tenha crescido 6%, atingindo 46,32 milhões de toneladas, o valor total caiu 13% em comparação com o mesmo período de 2023.

O óleo de soja bruto (NCM 15071000), registrou uma queda ainda mais acentuada. As exportações do óleo totalizaram US$ 51,03 milhões em 2024, uma diminuição de 65% em relação ao ano anterior. Em termos de quantidade, o Brasil exportou 54,5 mil toneladas, 59% a menos do que em 2023.

O Mato Grosso se destaca como o principal estado exportador, respondendo por 26% das exportações totais, com US$ 5,29 bilhões (valor FOB). Goiás e Paraná vêm logo em seguida, cada um representando 13% do total, com exportações superiores a US$ 2,6 bilhões (valor FOB). 

Impactos futuros

Os desafios para os exportadores brasileiros não são apenas decorrentes da concorrência americana, mas também de incertezas no mercado global de commodities agrícolas. A pressão sobre os preços, o acúmulo de estoques e a oscilação da demanda chinesa poderão continuar influenciando negativamente as receitas do Brasil.