Gestão cambial na prática: como estruturar Hedge nas importações

 

A variação das moedas pode afetar diretamente os custos de uma operação de  importação, as margens de lucro da empresa e até mesmo a sua competitividade no  mercado, entretanto, a gestão de risco cambial contribui para uma maior  previsibilidade e estabilidade financeira. 

Por isso, neste artigo, veremos uma perspectiva organizada sobre a forma de estruturar  o instrumento de Hedge Cambial nas operações e como a previsibilidade operacional,  aliada a dados confiáveis, pode diminuir despesas e aumentar a competitividade. 

 

O impacto da volatilidade cambial na margem do importador

Quando uma empresa realiza transações em moedas estrangeiras, naturalmente  enfrenta riscos que vão além de fatores internos e, por isso, a variação da taxa de  câmbio pode alterar de forma significativa os resultados financeiros.

Nesse contexto, uma leve variação no dólar, euro ou yuan pode resultar em diferenças  relevantes em contratos de compra e venda de mercadorias. 

Empresas que negligenciam a gestão de risco cambial tornam-se suscetíveis a:  

  • Crescimento inesperado dos custos operacionais; 
  • Diminuição das margens de lucro; 
  • Efeito negativo na previsibilidade do fluxo financeiro; 
  • Exposição a variações na taxa de câmbio que impactam investimentos e financiamentos.

Essa instabilidade cambial tende a se intensificar no contexto brasileiro, uma vez que a  oscilação frequente do dólar resulta da combinação de fatores externos, como  decisões de política monetária em grandes economias, e de questões internas, como  eleições, mudanças fiscais e o ambiente geopolítico. 

Para o importador, o objetivo não é "acertar o câmbio", mas sim manter a  previsibilidade necessária para o planejamento financeiro, a precificação adequada de  preços e a prevenção de revisões frequentes das tabelas, sendo precisamente nesse  ponto que o Hedge Cambial se mostra necessário.

O que é Hedge Cambial e por que não é especulação?

O Hedge Cambial reúne um conjunto de estratégias que as empresas utilizam para se  proteger contra a variação do câmbio. Além disso, ele permite que as empresas  estabeleçam uma taxa de câmbio no momento da negociação, a qual utilizam  posteriormente no pagamento. 

Ao proteger as operações contra as possíveis variações na taxa de câmbio, ele  proporciona previsibilidade e segurança, principalmente nas operações do comércio  exterior. 

As empresas podem prevenir prejuízos financeiros causados por variações cambiais,  ao definir uma taxa fixa por meio de contrato, fundamentada em estudos de mercado e  médias históricas. 

Ao usar o Hedge Cambial, o importador busca previsibilidade, não lucro financeiro  adicional, e essa previsibilidade é um pilar para uma gestão de risco cambial eficiente,  pois permite ao gestor conectar o planejamento financeiro ao fluxo logístico da  operação.

Principais instrumentos de proteção cambial na prática

Os instrumentos utilizados no Brasil são variados e podem se adequar ao perfil de risco  e ao fluxo de caixa de cada empresa. Abaixo, os principais: 

Contratos a termo e NDF (Non-Deliverable Forward) 

O contrato a termo é, provavelmente, o instrumento mais conhecido e permite que a  empresa defina uma taxa de câmbio fixa para uma operação futura. 

Este tipo de contrato garante previsibilidade e elimina a incerteza, sendo comum no  mercado cambial para travar taxas com liquidação em data futura, às vezes, com  entrega física.  

Simples de operar, costuma ser a primeira opção das empresas que não possuem  muita familiaridade com instrumentos de Hedge Cambial. 

Por outro lado, o NDF opera de maneira parecida, porém não inclui a entrega física da  moeda. Em vez disso, apenas se realiza uma liquidação financeira da diferença entre a  taxa contratada e a taxa de mercado no vencimento. 

Esse modelo é frequente em operações de curto prazo e proporciona flexibilidade para  empresas que ainda estão organizando seus processos. 

A liquidação é realizada por meio de ajuste financeiro, levando em conta a variação  entre o preço acordado e a cotação da moeda na data de vencimento. 

Opções cambiais 

As opções cambiais funcionam como uma salvaguarda contra variações inesperadas  na taxa de câmbio. Ao adquirir uma opção, o cliente tem o direito, mas não a  obrigação, de negociar a moeda estrangeira a um valor previamente acordado  (chamado de preço de exercício). 

Apesar de implicarem um custo extra, que é o prêmio, elas oferecem maior  flexibilidade para lidar com variações imprevistas e são eficazes, quando o fluxo de  compras é mais irregular. 

Esse instrumento é importante para empresas que enfrentam sazonalidade ou picos  de demanda, pois em casos como esses, uma abordagem que se baseia 

exclusivamente em contratos a termo pode restringir a adequação do fluxo financeiro,  ao passo que as opções cambiais proporcionam maior autonomia. 

Por essa razão, algumas empresas incorporam opções à sua gestão de risco cambial  como um complemento aos outros mecanismos.

Proteção natural 

Proteção ou hedge natural é um tipo de proteção financeira que acontece de forma  automática, sem que a empresa precise tomar medidas específicas. Ela oferece uma  proteção eficaz e econômica, utilizando as características inerentes às operações  comerciais para equilibrar os riscos financeiros. 

Esse tipo de proteção se apoia nas condições inerentes ao mercado, nas quais os  efeitos negativos em um aspecto do negócio são naturalmente compensados pelos  efeitos positivos em outro. 

Geralmente, as empresas aplicam essa estratégia quando possuem receitas e  despesas na mesma moeda estrangeira e, assim, obtêm uma vantagem considerável,  pois não precisam adquirir contratos futuros, opções ou outros instrumentos  financeiros. 

Isso se deve à estrutura operacional da empresa, na qual as entradas e saídas em  moeda estrangeira se equilibram de forma a reduzir os riscos relacionados às  variações cambiais. Assim, ela oferece uma camada de proteção financeira passiva, a  qual pode ser bastante eficaz em mercados instáveis. 

Passo a passo para estruturar sua gestão de risco cambial

O processo de gestão de risco cambial consiste em um ciclo constante de  identificação, análise, avaliação, tratamento (mitigação/hedge) e monitoramento da  exposição a flutuações cambiais. 

Para proteger os resultados financeiros e fluxo de caixa das empresas, são  empregadas estratégias conforme segue abaixo:

Análise de exposição

O primeiro passo é identificar todas as transações sujeitas a flutuações cambiais, e  isso abrange receitas provenientes de exportações, despesas relacionadas às importações, financiamentos em moeda estrangeira e aportes em investimentos  internacionais. 

Para essa fase, são indispensáveis ferramentas de monitoramento financeiro e  logístico. A estratégia de proteção será mais eficaz quanto mais minuciosa for a análise das  janelas de exposição. 


Definição de taxa alvo 

Estabelecer uma taxa alvo não implica em prever o câmbio, mas em determinar um  nível viável para garantir margens adequadas. 

Essa taxa deve ser calculada com base nos custos totais de importação, que incluem  gastos com logística, tributos e despesas administrativas. 

A taxa alvo é um componente fundamental na gestão de risco cambial, pois possibilita  avaliar se o momento da contratação está em consonância com o planejamento  financeiro ou se precisa ser postergado.

Escolha do instrumento de Hedge Cambial

A melhor escolha é aquela que equilibra proteção, custo e complexidade, alinhada  com a necessidade de previsibilidade financeira.  

Deve-se levar em consideração o perfil da empresa, sua disposição para assumir  riscos e as particularidades da operação. 

Uma empresa com alta previsibilidade em geral utiliza contratos a termo. As que  enfrentam sazonalidade ou incerteza podem buscar outras opções. 

O mais importante é que a decisão não seja tomada apenas com base na taxa do dia.  Ela precisa refletir o fluxo financeiro e a estratégia de longo prazo da organização.

Monitoramento do mercado de câmbio 

Após a contratação de um instrumento de Hedge Cambial, o acompanhamento se  concentra em verificar a eficácia da proteção, assegurando que a operação atinja seu  propósito de estabilizar o câmbio, além de avaliar o custo-benefício e a conformidade  com as metas financeiras da empresa.

Isso requer um registro contábil adequado e uma análise dos resultados ao longo do  tempo para otimizar futuras políticas sem se preocupar com as flutuações diárias,  uma vez que o contrato já estabeleceu a taxa. 

O objetivo não é antecipar o mercado, mas manter coerência entre a exposição real e a  proteção aplicada.

A relação entre previsibilidade logística e o  fechamento de câmbio

A logística busca eficiência de custos e prazos, e o câmbio é um dos maiores drivers  de custo e risco. 

Saiba maisEntenda como funciona a taxa cambial cobrada no frete internacional

A falta de estratégia cambial sólida compromete a previsibilidade logística, mesmo  com processos internos bem otimizados, tornando essencial a integração entre  finanças e logística.  

Para montar um hedge eficaz, é fundamental ter clareza sobre quando a carga chegará  e quando o pagamento deverá ser feito.

Qualquer atraso no embarque, alteração na  rota ou mudança no tempo de trânsito pode causar um descompasso entre o fluxo de  caixa estimado e a data acordada no câmbio, e isso afeta a estratégia e pode levar a  custos extras de ajuste. 

Por isso, é importante a interação entre departamentos e a integração de dados e  informações, já que a área responsável pelo câmbio pode correr o risco de firmar contratos com prazos que não correspondem à realidade se não tiver acesso a  informações atualizadas sobre cada fase da importação, o que aumenta a exposição e  diminui a eficácia da proteção. É precisamente nesse momento que a Logcomex se torna estratégica. 

Conecte o comércio exterior e o mercado financeiro com a Logcomex 

Apesar de o Hedge ser um componente relevante na gestão de risco cambial, seus  efeitos só se materializam quando a base operacional está adequadamente  organizada. 

Com a solução Finance Intel da Logcomex, é possível integrar dados de todo o  ecossistema de comércio exterior, desde análises preditivas até monitoramento 

completo da cadeia logística, garantindo a transparência necessária para que o  importador possa alinhar operações e finanças. 

Com dados organizados, alertas operacionais e antecipação de eventos críticos, o  setor financeiro começa a operar com cenários estáveis e previsíveis. 

Isso possibilita determinar com maior confiança o momento adequado para realizar a  contratação do câmbio, reforçando tanto o planejamento de compras quanto a gestão  de risco cambial. 

A Logcomex minimiza as incertezas e converte o processo de importação em uma  operação integrada ao conectar o comércio exterior e o mercado financeiro,  eliminando a gestão separada das decisões de câmbio e logística.

Dessa forma, a  empresa ganha competitividade e mantém suas margens com base em dados  concretos, não em suposições.

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