Greve na Receita Federal acumula prejuízos de até R$ 3,5 bilhões

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, iniciada em 29 de novembro de 2024, tem gerado impactos significativos na economia brasileira. Estima-se que os prejuízos acumulados ultrapassem R$ 3,5 bilhões, decorrentes de custos logísticos elevados, taxas de armazenagem e quebra de contratos internacionais. Além disso, mais de 75 mil remessas de importação e exportação estão retidas nos terminais alfandegários do país, afetando diretamente empresas e consumidores.

A operação "Desembaraço Zero", iniciada em 12 de fevereiro de 2025, suspendeu a liberação de mercadorias por 15 dias, agravando os atrasos já existentes devido à operação-padrão conduzida pelos auditores fiscais. Como resultado, o prazo para exportações dobrou de quatro para oito dias, enquanto as importações passaram de sete para 14 dias. 

O processo completo, incluindo recebimento, inspeção, pagamento de tributos e liberação final, pode agora levar até 21 dias. Apenas cargas consideradas essenciais, como medicamentos, perecíveis e animais vivos, estão sendo liberadas; os demais produtos permanecem retidos. 

A paralisação também compromete a arrecadação federal, com aproximadamente R$ 14,6 bilhões em transações tributárias pendentes. A União Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional) destaca que esses valores não ingressarão nos cofres públicos enquanto a greve persistir. 

A categoria reivindica um reajuste salarial para compensar a inflação acumulada desde 2016, que ultrapassa 50%. No entanto, o Ministério da Gestão afirma que já houve um acordo em 2024, implementando um esquema de bônus que elevou a remuneração total mensal para até R$ 42.700 para cargos de alto escalão, e não há planos para novas negociações. 

Setores estratégicos, como o farmacêutico, automotivo e agronegócio, enfrentam dificuldades devido aos atrasos na liberação de mercadorias. 

A retenção de insumos e produtos essenciais prejudica a produtividade industrial e o abastecimento do mercado interno, além de afetar a credibilidade do Brasil no comércio internacional. Empresas relatam aumento nos custos operacionais e riscos de rompimento de contratos com parceiros estrangeiros.