Houthis anunciam trégua no Mar Vermelho; Maersk mantém cautela

O grupo Houthi do Iêmen anunciou que restringirá ataques apenas a embarcações israelenses no Mar Vermelho após o anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

Apesar disso, empresas como a dinamarquesa Maersk, uma das principais do mundo em transporte marítimo de contêineres, ainda não devem retomar as rotas de navegação pela região do Canal de Suez.

No fim de 2023, militantes Houthis iniciaram uma ofensiva com mísseis e drones contra navios comerciais que passavam pela região, forçando a interrupção da rota e redirecionamento de remessas, causando congestionamento em portos asiáticos e europeus e elevando as tarifas de frete em todo o mundo.

A medida foi tomada pelo grupo como uma demonstração de solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza.

Conforme dados da consultoria Drewry, o valor médio do transporte de um contêiner de 40 pés, que chegou a US$ 1.342 em outubro de 2023 disparou a partir de dezembro e alcançou os US$ 5.937 em julho de 2024, uma alta de 342,4% em oito meses.

As rotas com origem ou destino no Brasil também foram impactadas pela mudança, que afetou toda a logística mundial, somando-se a outros fatores, como crises climáticas e greves em portos.

Em fevereiro de 2024, o custo médio para importar um contêiner de 20 pés da China para o Brasil era, em média, de US$ 3.235. Já uma operação idêntica em outubro chegou ao valor médio de US$ 10 mil, um aumento de 209%.

O custo médio para uma remessa agendada para março deste ano tem o valor médio de US$ 6.770.

A manutenção do cenário pode abrir oportunidades para o Brasil de parcerias com hubs logísticos alternativos na América Latina ou até mesmo investimentos em infraestrutura portuária local para aliviar custos e prazos.

Apesar do anúncio da trégua nos ataques a cargueiros, a Maersk declarou que só voltará a reutilizar o Mar Vermelho quando considerar a rota segura. Enquanto isso, continuará a monitorar de perto a situação no Oriente Médio.

Em novembro do ano passado, a empresa já havia afirmado que não esperava retomar a navegação pelo Canal de Suez até “bem depois de 2025”.

A declaração dos Houthis foi feita por intermédio do Centro de Coordenação de Operações Humanitárias (HOCC, na sigla em inglês), que tem sede em Sanaa, capital do Iêmen, e atua como agente interlocutor do grupo.

Segundo o comunicado, estão suspensas as "sanções" contra embarcações de propriedade dos Estados Unidos ou do Reino Unido, ou aquelas que naveguem sob suas bandeiras.

Já o ataque a navios vinculados a Israel seria interrompido “após a implementação completa de todas as fases” do acordo de cessar-fogo em Gaza, de acordo com a declaração feita pela HOCC.