• Setembro 24 2024

Impactos da estiagem no Norte do Brasil na importação de fertilizantes

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Logcomex

A seca histórica que assola o Norte do Brasil está causando um impacto severo na logística de importação de fertilizantes, essenciais para a agricultura no Centro-Oeste. A baixa nos níveis dos rios, especialmente no Arco Norte, dificulta o transporte pelos portos da região, encarecendo os custos logísticos e atrasando entregas.

A redução no volume de água do rio Madeira, importante via de escoamento, leva ao desvio de rotas para portos do Sul e Sudeste, aumentando significativamente os custos de frete e "demurrage".

A seca de 2024 é uma das piores dos últimos 20 anos. A navegação no rio Madeira, por exemplo, está interrompida devido ao nível crítico das águas, inviabilizando o transporte por hidrovia. A dragagem em curso, apesar de essencial, não soluciona o problema de maneira imediata, impactando o custo de transporte.

Além disso, a diminuição do volume de água está atrasando as operações nos portos do Arco Norte, levando a maiores tempos de espera e custos extras para importadores.

A alta nos custos afeta diretamente o agronegócio brasileiro, pois o preço dos fertilizantes tende a subir. A dependência do Centro-Oeste, maior região produtora do país, da importação de insumos via Arco Norte, tem se tornado um fator crucial. Em 2024, a quantidade de fertilizantes importados por essa rota já atingiu 3,7 milhões de toneladas, mais que o dobro registrado em 2020.

Com o desvio das cargas para portos mais distantes, como o de Itaqui (MA) e terminais no Sudeste, os custos de frete aumentam. Estima-se que o preço do transporte de fertilizantes já subiu de R$ 137 para R$ 143 por tonelada. O aumento dos custos logísticos pode ter efeitos em cascata no preço dos alimentos e na competitividade do agronegócio brasileiro.

De acordo com a Logcomex, o Brasil importou, entre Janeiro e Julho, um equivalente ao valor FOB de US$ 21 bilhões de fertilizantes. Os principais estados estão na região sudeste e sul. Dentre os estados impactados pela estiagem na região norte, o destaque vai para o Mato Grosso, 7º colocado no ranking de UFs importadores, com US$ 1,01 bilhões de FOB, e Amazonas, 8º colocado, com US$ 940 milhões. 

Para mitigar os impactos, uma das soluções em estudo é a utilização de estações flutuantes para transbordo de mercadorias, o que poderia permitir que as embarcações naveguem mesmo com os rios em níveis baixos. Contudo, especialistas alertam que, mesmo com essas soluções, o aumento dos custos é inevitável.

Além disso, há a expectativa de que o cenário de seca prolongada continue gerando complicações, aumentando ainda mais a pressão sobre os produtores agrícolas. As chuvas previstas para outras regiões, como o Mato Grosso do Sul, não devem ser suficientes para reverter o quadro no Norte.

Isso exige a adoção de medidas emergenciais e planejamento logístico aprimorado para evitar uma crise ainda maior no abastecimento de insumos agrícolas.

A estiagem no Norte do Brasil vem causando grandes prejuízos à logística de importação de fertilizantes, com impactos diretos no agronegócio. O aumento dos custos e o risco de desabastecimento são desafios que devem ser enfrentados com soluções inovadoras e planejamento estratégico.

A continuidade dessa crise hídrica pode comprometer a safra do Centro-Oeste, exigindo ações rápidas do governo e do setor privado para minimizar os danos.