Preocupação com a importação de aço chinês liga alerta de siderúrgicas nacionais

Nos últimos meses, o Brasil viu um aumento expressivo nas importações de aço da China, mesmo com as cotas tarifárias impostas para proteger a indústria local. De janeiro a julho de 2024, o país importou 23,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior, agravando a preocupação com a eficácia dessas medidas. 

O aço chinês chega ao Brasil a preços muito competitivos, pressionando as siderúrgicas nacionais e aumentando a dependência externa. A China continua a dominar as exportações para o Brasil, representando uma parte significativa das 3,3 milhões de toneladas importadas nos primeiros sete meses de 2024.

Embora as cotas tarifárias tenham sido desenhadas para reduzir as importações em até 25%, o impacto ainda é incerto, pois o mercado interno segue sendo invadido por aço mais barato, o que desafia a capacidade do país de proteger sua indústria siderúrgica.

Segundo dados da Logcomex, a importação de ferro e aço pelo Brasil, no 1º semestre de 2024, diminuiu 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o volume total aumentou 23,7%, chegando a 2,7 milhões de toneladas.

O pico de importações no semestre fica atribuído ao mês de maio, justamente o mês anterior à mudança tributária para importação de aço estrangeiro. Ainda de acordo com a Logcomex, China manteve-se como principal exportadora de aço para o Brasil, com uma fatia de 46% do metal desembarcado. Fecham o top 3 a Alemanha (9%) e o Japão (7%).

Em paralelo a essa pressão, a indústria automotiva busca alternativas mais sustentáveis para o uso do aço, diante do crescente movimento global por práticas mais verdes. Um dos avanços promissores é o “aço verde”, que tem uma pegada de carbono significativamente menor em comparação ao aço convencional. 

Empresas do setor automotivo têm dado sinais de comprometimento com a transição para o uso desse material de baixa emissão, o que pode não apenas reduzir os impactos ambientais, mas também contribuir para a diversificação de fontes de aço, aliviando a dependência de fornecedores estrangeiros.

O desenvolvimento de uma cadeia produtiva nacional para o aço verde seria uma oportunidade estratégica para o Brasil, tanto em termos econômicos quanto ambientais.

Esse movimento também pode servir como um antídoto à volatilidade do mercado internacional de aço, proporcionando à indústria automotiva uma solução mais estável e ambientalmente responsável.

Iniciativas como essas não só fortalecem a posição do Brasil no mercado global, mas também impulsionam sua competitividade em setores chave.