Apesar de parecer desafiador, o cenário das importações do trigo no Brasil vem se mantendo positivo.
O mercado de trigo em 2024 apresenta desafios consideráveis para o Brasil, um país que, apesar de ser um grande produtor de grãos, ainda depende de importações para atender à demanda interna.
Neste ano, o cenário global tem sido marcado por aumentos significativos nos preços do cereal e pelas incertezas causadas pelas mudanças climáticas, que ameaçam a estabilidade das safras. Diante desses cenários, a estratégia do Brasil para importação da commodity ganha ainda mais relevância.
Importação de trigo: dados do comércio global
O Brasil, historicamente, complementa sua produção interna de trigo com importações, principalmente devido à variação na qualidade e quantidade das safras nacionais.
Dados da Logcomex apontam um crescimento de 19% nas importações de outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura (NCM: 10019900), de janeiro a julho de 2024.
A Argentina vem liderando como principal país exportador, representando 70% do FOB movimentado de janeiro a julho de 2024. Em seguida, vem o Uruguai com 12% e a Rússia com 10%.
A região Sudeste brasileira, representada por São Paulo(SP), lidera o ranking dos estados importadores, com 19% das operações, seguida do Ceará (CE) com 13% e Rio Grande do Sul (RS) com 12%.
Importação de trigo: previsão para 2024
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a previsão é que o Brasil mantenha um ritmo constante de importação do cereal, em grande parte para garantir a estabilidade dos preços internos e atender à demanda doméstica. Em 2023, o país aumentou suas exportações de trigo, mas isso ocorreu porque o grão exportado não era utilizado internamente.
A Abitrigo aponta também que fatores econômicos, como a redução de juros em países desenvolvidos e a situação inflacionária na Argentina, estão impactando o mercado global de trigo.
A recuperação econômica da Argentina, após um período de alta inflação, é particularmente notável. Este país, que lidera as exportações de trigo para o Brasil, poderá influenciar os preços e a disponibilidade do grão no mercado global nos próximos meses.
Para garantir o abastecimento interno e mitigar os impactos dos preços elevados, o Brasil deve manter um ritmo constante de importações em 2024. Segundo especialistas do setor, a precificação do trigo no Brasil é diretamente influenciada pela produção nacional, preços internacionais e câmbio.
Com uma produção doméstica que nem sempre atende à demanda interna, a necessidade de importações é uma constante, especialmente em anos de safras menos favoráveis.
A expectativa para 2024/25 é de que o Brasil continue importando trigo em quantidades significativas, principalmente para manter a estabilidade dos preços internos.